
Com o tempo, e com a necessidade de entregar um “bode expiatório” para justificar o “perdão” aos demais políticos corruptos do seu partido (PMDB) e dos demais aliados, Eduardo Cunha caiu. As denúncias (segundo o Ministério Público) de corrupção, desvio de verbas públicas, a existência de contas no exterior em seu nome e no nome da esposa e filha, acabaram com a perda do seu mandato político e seu envio para um presídio. Por seu caráter agressivo e vingativo, esperava-se que logo faria “aquela” delação, entregando a tudo e a todos, mas misteriosamente mantém-se calado, curtindo seu longo período de férias forçadas.
Também é curioso que Cláudia Cruz, esposa de Eduardo Cunha, tenha sido inocentada de todas as acusações. Com envolvimento parecido, tivemos a prisão (mesmo que absurdamente domiciliar) da esposa de Sérgio Cabral. Poupar Cláudia Cruz do espaço prisional teria sido a moeda que pagou até hoje o silêncio de Eduardo Cunha?
Lembrando de trecho de uma gravação do Senador (suspeito de corrupção) Romero Jucá meses atrás: “tem que mudar o governo pra poder estancar essa sangria, por meio de um acordo com o Supremo, com tudo”. (fonte: UOL Notícias)

“O terceiro encontro com Temer, segundo Funaro, foi uma reunião de apoio à candidatura de Gabriel Chalita (PMDB) para a Prefeitura de São Paulo. Ele diz que o encontro foi na Assembleia de Deus do bairro Bom Retiro, com a presença dos bispos Manoel Ferreira e Samuel Ferreira.” (fonte: Revista Veja)

E lembrando, essa igreja, que antes era do Jabes de Alencar, agora é do Samuel Ferreira, também dono da ADBras, que é a mesma que tem (ou tinha) Eduardo Cunha como fiel dizimista e ofertante. E a ADBras é a mesma que, tempos atrás, foi acusada de lavar parte do dinheiro de Eduardo Cunha, no caso uns 250 mil reais (fonte: UOL Notícias). E vale lembrar que seu papa, o agora Bispo Samuel Ferreira, foi acusado na delação da JBS de receber 1 milhão de dólares de propina em 10 parcelas de 100 mil dólares, numa conta nos Estados Unidos (por que será? – Fonte: G1 Notícias).

Outros trechos da delação de Lúcio Funaro que merecem destaque neste artigo são os seguintes (a partir de 3:15 minutos):
“O Eduardo, ele funcionava como se fosse um banco de corrupção e de políticos. Ou seja, todo mundo que precisava de recursos pedia pra ele e ele cedia os recursos, e em troca mandava no mandato do cara, era assim que funcionava” (3:27 minutos).
“O dinheiro vivo chegando em minha mão, eu distribuía pra quem eu tinha que pagar, e nesse caso era o Eduardo Cunha que fazia o repasse para quem era de direito dentro do PMDB, que eram as pessoas que apoiavam ele dentro do PMDB”. “Que eram?” “Henrique Meireles, Michel Temer, todas as pessoas. A bancada que a gente chamava de bancada do Eduardo Cunha” (4:14 minutos).
No vídeo acima, a partir do minuto 1:40, vemos Lúcio Funaro delatando que a bancada evangélica sempre votava seguindo Eduardo Cunha, e que esse “esquema” se iniciou em 2009, justamente com a ascensão de Cunha. Em 2:40 minutos, Funaro revela que Eduardo Cunha tinha influência no PSC (Partido Social “Cristão” – aspas nossas), na Bancada Evangélica e no PMDB, e com todos esses em suas mãos, Cunha tinha um poder de barganha muito grande na Câmara dos Deputados, podendo “negociar” com empresários interessados a aprovação ou a rejeição de projetos de leis e medidas provisórias. Esse “esquema” é explicado a partir de 4:30 minutos.
Aí fica a dúvida: a Bancada dita Evangélica seguia (obedecia) ao Eduardo Cunha por ver nele um homem de Deus, ungido, santo e cheio de discernimento? Ou o faziam porque, assim como os demais deputados que o seguiam, havia, segundo Funaro, o recebimento de propinas advindas dos empresários que tinham interesses nesse ou naquele projeto de lei?

Muito grave tudo isso. Diria até abominável, se a delação se confirmar. Afinal, se alguém se diz seguidor de Jesus Cristo, é até aceitável que cometa um ou outro pecado. Porém, é incompreensível que viva em tão grande corrupção.
Dias atrás houve também a votação de uma medida provisória, o novo Refis, que seria o refinanciamento de dívidas tributárias de empresas. Para as igrejas, os deputados deram dois benefícios a mais, segundo a Época Negócios:
“A primeira prevê perdão de dívidas tributárias com a Receita Federal de igrejas, entidades religiosas e instituições de ensino vocacional sem fins lucrativos. A remissão vale para débitos inscritos ou não na Dívida Ativa da União, inclusive aqueles objeto de parcelamentos anteriores ou que são alvo de discussão administrativa ou judicial.
A segunda emenda favorável às igrejas estabeleceu isenção de cobrança de tributos da União incidentes sobre patrimônio, renda ou serviços para igrejas e instituições de ensino vocacional. A isenção valerá por cinco anos para entidades que exerçam atividade de assistência social, sem fins lucrativos.”

Com o desemprego e a queda na produção, obviamente caiu também a arrecadação através dos impostos. O Refis seria uma alternativa de renegociação para que o governo possa receber valores atrasados e assim investir (e não propinar, por favor) no que é necessário. É claro que também é uma tentativa do governo de se aproximar do empresariado, ao facilitar a renegociação de dívidas. Apesar da necessidade do governo de angariar fundos, os líderes e políticos evangélicos não conseguem se sensibilizar e buscam, através de negociatas travestidas de votações no Congresso, não pagar nem o que antes lhes era devido. Mas eu e você precisamos pagar, sim senhor!
Cabe aqui um adendo: você viu algum líder evangélico, mesmo de igrejas tradicionais, denunciando isso? Será que a mudez geral se deve ao fato de que todos, isso mesmo, todos, serão no final “beneficiados”?
E pensar que Jesus, o Cristo, pagava impostos sem reclamar e sem necessitar, mas para dar e ser exemplo para os verdadeiros cristãos!

Seja nas delações de Funaro, seja nos esquemas para a aprovação das vantagens gospel no Refis, o que vemos é que muitos líderes evangélicos são capazes de qualquer coisa para ter, no futuro, um presidente da mesma religião. E qualquer coisa, para muitos desses líderes, significa propinar, roubar, mentir, enriquecer às custas do Erário e dos fiéis. Para eles, o fim justifica os meios.
Lembremos de Jesus, quando chamou os fariseus de sepulcros caiados: limpos por fora e podres por dentro. Lembremos das admoestações de Jesus em Mateus 23, quantos ais!

Certa vez, uma jovem seguiu o Apóstolo (de verdade) Paulo por muitos dias, bradando que ele e os demais eram servos do Deus Altíssimo (Atos 16:16-18). Porém, o Apóstolo (de verdade) Paulo era cheio do Espírito Santo e teve discernimento de Deus. Embora a jovem falasse a verdade, estava tomada por um espírito maligno, que foi prontamente expulso pelo Apóstolo.
O que acontece nas igrejas hoje, que líderes e políticos evangélicos são totalmente enganados por seres como o Eduardo Cunha? Cadê o discernimento dos espíritos? Cadê a prudência?
Ou será que não foram enganados e se aliaram de caso pensado?

Tudo isso é para se pensar. Funaro deu 13 horas de depoimentos, que podem ser assistidos na íntegra no Youtube. Tive que assistir a muitas horas, pois se você pesquisar no Google “bancada do Cunha” e “bancada evangélica”, não achará absolutamente nenhuma notícia. É como se tivessem orquestrado um cala-boca gospel. Mas assistindo aos vídeos, outros gospel são citados, como o Garotinho e o Pr. Everaldo, e isso provavelmente também não sairá na grande imprensa. Amanhã inventarão algum meme na internet e essa delação, assim como a da JBS e a da Odebrecht, cairá no esquecimento. E os “esquemas” continuarão, com direito a testemunhos nos púlpitos de como “deus” abençoou que apareceu um bom dinheiro para ajudar na reforma do templo.
Nojo. Por muito menos, Jesus expulsou os mercadores do templo. E nós, pelo caminhar da carruagem, acabaremos reelegendo os mesmos indicados de sempre por nossos (im)pastores.
O mais triste é que muitos evangélicos sabem de tudo, mas mesmo assim apoiam suas lideranças e instituições, pois tudo vale em prol do “reino”. Até mesmo corrupção em nome de Jesus.
Será que ninguém mais está vendo isso? Onde estão as vozes para denunciar a iniquidade em parte das igrejas evangélicas brasileiras? Por que estão caladas?
Simples: muitas lideranças e muitas instituições são sustentadas por esse “sistema”. Ninguém quer perder sua parcela dentro do sistema corrupto.
Estamos a cerca de 2 semanas dos 500 anos da Reforma Protestante. O que temos a comemorar é que as Escrituras, como sempre, estão certas:
“E porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem.” – Mateus 7:14

Igreja Evangélica Brasileira, formada por mim e por você: arrependamo-nos enquanto é tempo.
Voltemos ao Evangelho puro e simples,
O $how tem que parar!
O $how tem que parar!
A DEUS toda a honra e toda a glória para sempre.
Fonte:
https://pedrasclamam.wordpress.com
https://estrangeira.wordpress.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário