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quinta-feira, 1 de junho de 2023
sábado, 13 de maio de 2023
O verdadeiro culto a Deus
Para muitos o culto a Deus se resume aos encontros semanais em uma determinada
instituição ou grupo religioso. Jesus certa fez foi indagado sobre onde seria
certo adorar a Deus, em João 4.23 (cultuar- adorar, venerar) Jesus respondeu que
o Pai busca adoradores que O adore em Espírito e em verdade. 1) Em Espírito
porque o propósito do culto é o crescimento espiritual e de fé. pois o culto só
tem sentido se houver consciência de que Deus é presente em todos. O culto não
começa e nem termina. Ele se fundamenta na vida cotidiana de todos. É o que
fazemos no nosso trabalho, na escola, na família, nas ruas e principalmente no
oculto que vai determinar o quanto Espiritual será o nosso culto a Deus.
Palavras como piedade, compaixão, solidariedade, perdão. misericórdia, amor e
principalmente justiça devem estar presentes na nossa vida. Lembrando sempre que
a caridade, a justiça e o amor são marcas da igreja e do verdadeiro cristão. Se
isso não for possível nosso culto a Deus não terá sentido. No livro do profeta
Amós 5.21-27 Deus diz que odeia as reuniões solenes do povo de Israel, pois o
povo praticava a iniquidade, adorando a Deus somente com a boca e não com o
coração. O profeta Isaias 1.11-14 Deus diz: estou farto das vossas reuniões por
causa da iniquidade. Ou seja um culto a Deus é muito mais que uma simples
reunião. Deus em Sua Onipotência e onisciência tudo sabe e tudo vê. Quantos e
quantos cultos meramente fantasiosos, pois o povo está em contenda e desacordos
nos bastidores não havendo comunhão alguma uns com os outros. É preciso que as
pessoas que cultuam a Deus saibam que Deus também busca adoradores em verdade.
2) Em verdade , porque deve haver comunhão verdadeira e não fingida ou omissa.
Em Mateus 5.23-24 diz que se alguém pecar contra ti, vc deve deixar sua oferta
no altar e ir se reconciliar com seu irmão. Ou seja não há culto a Deus onde não
há perdão e acima de tudo onde falte o amor ao próximo. Nisso se manifesta a
verdadeira reconciliação. Em Mateus 5.13-14 tem a orientação de Jesus que
devemos ser sal e luz para o mundo. Sal e luz representa ter uma vida que
glorifica a deus e leve outras pessoas a seguir jesus, pelo testemunho de todos.
Dessa maneira, todo cristão recebe esse chamado, pois ele é convocado para
transformar a vida das pessoas que estão a sua volta. O apostolo Paulo em
Romanos 12.1 fala-nos sobre o culto racional. Onde nós devemos apresentar nossos
corpos em sacrifício vivos, santos e agradável a Deus, Isso destaca que ao
cultuarmos a Deus devemos estar presentes em corpo, alma e principalmente em
Espírito. O culto é um momento de comunhão e verdade onde recebemos de Deus o
alimento para o corpo, para a alma e para o Espírito. O culto é onde
alcançaremos pela graça a Espiritualidade. Esse é o verdadeiro sentido do culto.
Através da Espiritualidade teremos sabedoria, crescimento e acima de tudo
teremos os frutos do Espírito e assim vamos poder combater os frutos da carne
que Paulo fala em Gálatas. A cura, a prosperidade são dadivas de Deus, através
da nossa convivência com a graça isso virá a todos pois os sinais seguiram aos
que creem. Outro ponto de suma importância é que o culto é o lugar de ouvir e
aprender a palavra de Deus. Pois a fé vem pelo ouvir e ouvir da palavra de Deus.
Romanos 10.17 Em Ezequiel 44.23 diz: "E a meu povo ensinarão a distinguir entre
o santo e o profano, e o farão discernir entre o impuro e o puro". Em Gálatas
1.8 diz: "Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro
evangelho além do que já vós tenho anunciado, seja anátema". É necessário que
essa palavra seja anunciada na unção do Espírito Santo e que o sacerdote seja
preparado segundo as escrituras. "Procura apresentar-se a Deus aprovado, como
obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade".
2 Timóteo 2.15 Assim Paulo diz em Romanos 12.2 que não devemos nos conformar com
esse mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para
que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus". Que o
Espírito Santo posso abrir nosso entendimento! A Ele toda gloria!
Paulo Siqueira
segunda-feira, 1 de maio de 2023
Hillsong: A Megachurch Exposed | Official Trailer | discovery+
Produção original do Discovery+, a minissérie documental Hillsong: O Escândalo por Trás da Megaigreja chegou recentemente ao catálogo da HBO Max e ganhou ainda mais atenção. Dividida em quatro partes, a minissérie explora as diver... - Leia mais em https://hollywoodforevertv.com.br/noticias/series/documentario-explora-os-escandalos-por-tras-da-igreja-hillsong.phtml?fbclid=IwAR3bKI7Eq-De8QFHQtthlLBmVYrQRKbfk6ovEx_HUwzVzeFcmH7j6IeAmHI&utm_source=site&utm_medium=txt&utm_campaign=copypaste
https://hollywoodforevertv.com.br/noticias/series/documentario-explora-os-escandalos-por-tras-da-igreja-hillsong.phtml?fbclid=IwAR3bKI7Eq-De8QFHQtthlLBmVYrQRKbfk6ovEx_HUwzVzeFcmH7j6IeAmHI
domingo, 26 de março de 2023
O NOME DE DEUS É JEOVÁ?
QUAL É O NOME DE DEUS?
Estaremos abordando alguns tópicos a respeito do nome divino, como a origem do nome Jeová, o que é o tetragrama, etc.
As Testemunhas de Jeová alegam ser eles a única religião que usa o nome divino, a única que santifica o nome de Deus. No livro "PODERÁ VIVER PARA SEMPRE NO PARAÍSO", pág. 184 diz: "Como identificar uma religião verdadeira"; ali eles apresentam cinco características de uma religião verdadeira. A primeira é "SANTIFICAR O NOME DE DEUS".
Para eles, santificar o nome de Deus é chamar Deus pelo nome e divulgá-lo, mencionando Mt 6.9 e Jo 17.6. É importante deixar claro que apesar de Jesus ter dito "Tenho feito manifesto o teu nome", Ele nunca chamou Deus de Jeová.
Por que Jesus nunca chamou Deus de Jeová, ou melhor, dizendo, nunca pronunciou o Seu nome, sendo que as Testemunhas de Jeová alegam que é importante chamar Deus pelo nome?
Eles alegam também que toda pessoa tem um nome, então é lógico que Deus também tenha um nome; dizem também que o nome é para diferenciar o Deus criador dos deuses falsos. Por exemplo: como Deus pode ouvir sua oração se você chamá-lo pelo título "Deus", sabendo que existem outros deuses? Assim Ele não saberia quem você estaria invocando. Isto é um absurdo, caro leitor!
Será que Deus tem um único nome, ou tem outros nomes que nós podemos usá-los para nos referir a Ele? As Testemunhas de Jeová respondem. Livro Jeová, pág. 8:
"Jeová, o imortal... Ele tem se revelado as suas criaturas pelo seu nome Jeová; pelo seu nome Deus...; pelo seu nome Todo-Poderoso...pelo seu nome Altíssimo".
II. A QUESTÃO DA PRONÚNCIA
Algumas informações preliminares para o caro leitor:
No hebraico escrevia-se somente com consoantes; as vogais eram somente pronunciadas, isto é, as vogais eram transmitidas, através das gerações do povo de Israel, oralmente e não de forma escrita, visto que a escrita da língua hebraica possuía apenas as consoantes.
Naquele período era fácil para o judeu porque a língua hebraica era uma língua cotidiana, então eles não tinham dificuldade em pronunciar as palavras. No momento da pronúncia, eles supriam corretamente as consoantes com as devidas vogais.
Depois o hebraico entrou em declínio. Por muitos anos, devido a fatores históricos inelutáveis. Somente no século VI depois de Cristo, é que começaram a surgir os "Massoretas" (do hebraico "massorah", que quer dizer "tradição") os quais instituíram um sistema de pontos e sinais representando as vogais, ou melhor, dizendo, os sons vocálicos abertos e fechados, e por isso são chamados "sinais massoréticos". Estes sinais eram colocados acima, abaixo e até mesmo dentro das consoantes. Convém frisar que essas anotações não fazem parte do texto sagrado original, visto que os manuscritos originais hebraicos são puramente consonantais.
Por essa razão, a palavra que hoje se conhece como Jeová constava unicamente de quatro letras, isto é, quatro consoantes hebraicas que transliteradas são: YHVH, conhecidas como o tetragrama. Portanto não devemos afirmar que a pronúncia do texto massorético de hoje seja exatamente a mesma dos tempos bíblicos.
III. O TETRAGRAMA YHVH
Por que os judeus não pronunciavam o nome divino?
Quando Moisés recebeu os dez mandamentos, Ex. 20.1-17, o versículo 7 - “Não tomarás o nome do YHVH teu Deus em vão: porque o YHVH não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão" - deixa claro que Deus não ia tomar por inocente o que invocasse seu nome em vão.
Quando os judeus se deparavam com YHVH, automaticamente eles pronunciavam, liam e falavam Adonay que significa Senhor.
Devido a este temor ou superstição, os judeus deixaram de pronunciar o nome divino. Portanto, não temos como saber que vogais eles usavam na pronúncia do tetragrama YHVH.
É digno de nota que as Testemunhas de Jeová reconhecem que ninguém sabe a pronúncia correta do nome divino. Você leitor pode certificar-se disso examinando a "BROCHURA” (literatura produzida pelas Testemunhas de Jeová) O NOME DIVINO QUE DURARÁ PARA SEMPRE, pág. 7 subtítulo: Como é pronunciado o nome de Deus diz: "A verdade é que ninguém sabe com certeza como o nome de Deus era pronunciado originalmente". Na mesma página, no rodapé, diz: "Portanto, é evidente que a pronúncia original do nome de Deus não mais é conhecida. Nem é realmente importante. Se fosse, o próprio Deus se teria certificado de que fosse preservada para o nosso uso".
Em outra literatura das Testemunhas de Jeová, "PODERÁ VIVER PARA SEMPRE NO PARAÍSO NA TERRA", pág. 43 parágrafo 11 encontramos: "Portanto, o problema hoje é que não temos meios de saber exatamente que vogais os hebreus usavam junto com as letras YHVH".
A INCOERÊNCIA
Vejamos o que diz a literatura "PODERÁ VIVER PARA SEMPRE NO PARAÍSO NA TERRA", pág. 185 parágrafo 5: "De fato, conhecer tal nome é necessário para a salvação, conforme diz a Bíblia, pois todo aquele que invocar o nome de Jeová será salvo" Rm. 10.13, na Tradução do Novo Mundo. Obs: as traduções do texto originais foram adulteradas na “Bíblia” das Testemunhas de Jeová visto que a palavra que aparece no original grego é KURIOS (SENHOR), que eles traduzem por Jeová.
No original grego o nome Jeová não aparece nenhuma vez sequer no Novo Testamento. As Testemunhas de Jeová acrescentaram 237 vezes o nome Jeová por conta própria. É por isso que só na Tradução do Novo Mundo - no Novo Testamento - aparece o nome Jeová. Mas quando Kurios é usado em relação a Cristo eles omitem esse fato.
Agora perguntamos a você amigo leitor: Como pode o nome de Deus não ser importante porque ninguém sabe a pronúncia e ao mesmo tempo ser necessário conhecê-lo para a salvação? Em Pv. 4.19 diz "O caminho dos ímpios é como a escuridão: nem sabem em que tropeçam".
IV. QUANDO SURGIU O NOME JEOVÁ?
No hebraico moderno do século VI depois de Cristo, os Massoretas colocaram os sinais das vogais adonay nas consoantes do tetragrama, daí em diante que os clérigos católicos começaram a tentar escrever o nome divino: Iahweh, Jehovah, Iavé e Jeová.
A partir do ano de 1514 depois de Cristo, começaram a usar o nome JEOVÁ e assim ficou conhecido e usado não porque seja a forma correta, mas por questão de ser bem mais conhecida.
Portanto, em algumas traduções João Ferreira de Almeida, revista e corrigida, antigas, ali encontram o nome Jeová (somente no Antigo Testamento). Esta é a forma incorreta. O certo é Senhor ou Iahweh que estão com as vogais de Adonay que se traduz por Senhor.
V. QUEM FORMULOU O NOME JEOVÁ?
“Por séculos tem havido um grande debate sobre a pronúncia correta do nome pessoal do Criador. Alguns tradutores modernos da Bíblia o escrevem Yawé ou Javé como sendo o mais aproximado da pronúncia correta. Entretanto, Jeová é a forma popular de pronunciá-lo em português. Na versão católica romana, em inglês, conhecida como versão de Westminster das Escrituras Sagradas, que teve como Editor-Geral o Jesuíta Cuthbert Lattey, o tradutor usa Jeová e na sua nota marginal sobre Jonas 1:1, ele diz”: Em harmonia com a preferência do editor-geral da Versão Westminster, eu emprego o nome ‘Jeová’. É bem conhecido que este certamente não é o equivalente do Nome hebraico.
Extraído do livro "SANTIFICADO SEJA O TEU NOME", pág. 17. Veja também a pág. 19.
Obs: o grifo é nosso. O uso do nome Jeová não é uma questão de transliteração e sim uma questão de preferência pessoal do editor geral.
VI. O NOME JESUS
Agora vamos verificar o que a Bíblia ensina a respeito do nome JESUS.
O nome JESUS aparece 908 vezes no Novo Testamento, o qual foi escrito em grego. Portanto, o nome JESUS é bíblico e consta no original grego.
Amigo leitor, você pode comprovar isto verificando o grego interlinear das Testemunhas de Jeová.
Observe agora como se escreve JESUS em grego: IESOUS
• O NOME JESUS APARECE NOS 27 LIVROS DO NOVO TESTAMENTO.
• O NOME JEOVÁ NÃO APARECE EM NENHUM DOS 27 LIVROS DO NOVO TESTAMENTO.
VII. JESUS, O NOME TODO PODEROSO
• Devemos ser testemunhas d’Ele - At. 1.8
• Salvação em Seu nome - At. 4.11-12; At. 16.30-31
• Pessoas são curadas em Seu nome - At. 3.6, 16
• Saulo perseguia os que invocavam Jesus - At. 9:21
• Jesus é o único Salvador - At. 13.23
• Em Seu nome expulsamos demônios - Mc. 16.14-18
• A importância do nome Jesus - Mt. 10.22, 32-33; 12.21; Mt. 18.5, 20; 24.9
• Jesus nunca chamou Deus de Jeová - Mt. 11.25; 26.39-42; Mc. 14.36; Lc. 10.21; Jo. 11.41
• Somos lavados, santificados e justificados em Seu nome - 1Co. 6.11
• Há um só Senhor: Jesus Cristo - 1Co. 8.6
VIII. CONCLUSÃO
• O nome que devemos invocar para ser salvo é Senhor Jesus. At. 16.30-31
• A Bíblia não ensina que devemos crer em alguma organização. E também não ensina qual religião devemos seguir ou filiar-se.
• A Bíblia ensina que devemos confiar, crer e obedecer somente em Jesus mediante Sua palavra.
• Jesus deixou bem claro que Ele é o único caminho, a verdade e a vida. Jo. 14;06
• Ele também disse: "e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará". Jo. 8.32
• Amigo leitor, se você é escravo de alguma organização ou religião, você pode ficar liberto agora mesmo.
Dobre o seu joelho e invoque o nome do Senhor Jesus, e confesse com a sua boca que Ele é Senhor e Salvador da sua vida. Leia João 1:12.
( Paulo Martins )
Para um estudo mais detalhado sobre o Nome de Deus e sobre as argumentações da Sociedade Torre de Vigia sobre este nome sugiro a leitura de um estudo no site abaixo:
http://testemunha.orgfree.com/nome.htm
terça-feira, 7 de março de 2023
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023
O DÍZIMO E A IGREJA
O dízimo é uma das "doutrinas" mais ensinadas em nossos dias, seu ensino como doutrina para a igreja esta presente na maioria das denominações evangélicas e até na Igreja Católica.
Mas seria o dízimo uma doutrina para a Igreja de Jesus?
Se afirmativo qual a base bíblica?
Antes de começar a avaliar o dízimo, gostaria de deixar claro que não sou contra as contribuições e sei que o sistema precisa de dinheiro para funcionar ( entenda-se por sistema o templo e sua manutenção, os ministros e seus salários , prebendas ou ajuda de custos, assistência social, missão, evangelismo, etc). Também gostaria de deixar claro que sou contra a contribuição cega, ou seja, acho que cada centavo ofertado tem que ser para os objetivos pré definidos, o contribuinte e a comunidade deve decidir sobre este uso e principalmente fiscalizar.
Tudo, inclusive o salário do lider deve ser definido por quem contribui , não por quem recebe ou por um grupo ( ministérios) escolhido por ele. E ai até vale, se a comunidade decidir, contribuir-se com 10 % de forma voluntária e sem usar os textos fora de contexto tão comum em nossas igrejas.
Que a bíblia ensina a contribuir é fato e a maioria esmagadoras dos textos do NT tem um objetivo definido, ajudar os necessitados. Infelizmente muito pouco do que se oferta hoje em nossas igrejas segue o exemplo bíblico. Algumas igrejas sustentam verdadeiros impérios humanos e se esquecem das pessoas necessitadas.
Mas voltando ao dízimo como doutrina vamos avaliar o que a bíblia diz e o que se é ensinado inclusive por certos "teólogos", alias duvido que muito destes acrditam de fatono que ensinam.
Podemos dividir este estudo em três partes:
O dízimo da lei, o dizimo antes dela e o dízimo no NT.
O dizimo d alei nem deveria ser nosso foco, pois o texto não é destinado a judeu ou adventista que vivem sob a lei mosaica, mas a cristãos que vivem na graça e não estão debaixo do julgo da lei . Não entendo o porque de cristãos que não vivem sob a lei , abrirem uma exceção a ela, não seguem as centenas de normas estabelecidas na lei, vide o pentateuco, mas quando se fala de dizimo a lei vigora.
Muitos buscam antes de lei ou no NT motivos para dizimar, mas usam o texto de Malaquias nos envelopinhos do dizimo e nos sermões. Incoerência pura.
Vou apresentar algumas considerações sobre o dízimo da lei:
O DÍZIMO DA LEI
1) O dízimo da lei tinha um objetivo, manter o templo e os sacerdotes e isso serve para justificar o dízimo moderno, mas esquecem que:
- A casa do tesouro onde o dízimo deveria ser levado não é o templo de hoje e os obreiros de hoje não são os levitas ou sacerdotes , e mais, os sacerdotes que viviam do dizimo não tinham direito propriedade e heranças, já os "sacerdotes" de hoje... Alem disso os sacerdotes trabalhavam o tempo todo no serviço do templo ( que diferença hoje!)
2) Malaquias fala de portas abertas como bênção para quem dizimasse e pragas de gafanhotos para quem não, e isso é usado hoje, esquecendo o contexto, o povo judeu tinha promessa de terra literal ( território, nação) portanto as promessas ali definidas tinha em haver como as condições climáticas que proviam uma boa colheita e os gafanhotos eram literal, pragas de gafanhotos destruindo a lavoura.
3) Ainda sobre o texto de Malaquias gostaria que o livro fosse avaliado com toda calma, e perceberemos que o tempo todo o profeta fala com os sacerdotes ( os que recebiam os dízimos) não com o povo.
4) O dízimo da lei não era obrigação a todos, apenas os lavradores da terra e criadores de rebanhos tinham o dever de dizimar, pelo menos é o que a bíblia ensina. (Lev 27: 30,32)
5) O dízimo na lei mosaica tinha vários fatores a serem avaliados tais como o dizimo dos dízimos, o dizimo para os pobres, o dizimo ( em alimentos) que deveria ser comido pelo sacerdote e família etc, mas não vamos nos ater a eles pois como já disse não estamos mais sob o domínio da lei.
6) Alguns chegam a falar em maldições para quem não dizima, baseada em Malaquias, mas Malaquias é um texto sob lei, sob a graça o livro de Gálatas fala que os que são das obras da lei é que estão em maldição ( Gal 3:10).
O DÍZIMO ANTES DA LEI. ABRAÃO E JACÓ.
" E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e era este sacerdote do Deus Altíssimo. E abençoou-o, e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra; e bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo" (Gênesis 14:18-20)
"Considerai, pois, quão grande era este, a quem até o patriarca Abraão deu os dízimos dos despojos." (Heb 7:4)
De fato o dízimo esta presente nas escrituras antes da lei dada a Moisés, mas isso não torna o dízimo mandamento para a igreja, pois é apenas citado, nunca ensinado. O dízimo era um prática comum entre os povos da época, mas isso, repito, não faz dele uma doutrina para nós seguirmos hoje.
A primeira citação de dízimo esta e Gênesis quando Abraão ao retornar de uma guerra vencida oferece o dízimo dos despojos desta guerra ao sacerdote Melquisedeque.
Observemos que em relação a Abraão o dízimo só é citado nesta ocasião. Abraão não dizimava regularmente de seus bens e na única vez que o fez, dizimou dos despojos de guerra.
A Bíblia não nos ensina a repetir os atos isolados de Abraão, e se ensinasse deveríamos dizimar apenas quando fossemos a uma guerra e a vencêssemos.
Outro caso de alguém dizimando antes da lei é o de Jacó, alias a bíblia não apresenta ele dizimando mas prometendo ( numa espécie de barganha com Deus) que faria se fosse abençoado . Vejamos:
"E Jacó fez um voto, dizendo: ‘Se Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer, e vestes para vestir; e eu em paz tornar à casa de meu pai, o SENHOR me será por Deus; e esta pedra que tenho posto por coluna será casa de Deus; e de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo" (Génesis 28:20-22).
Jacó fez um voto – uma promessa (e notem que não há nenhum registo bíblico de que ele tenha cumprido alguma vez essa promessa!).
Era uma promessa condicionada a cinco condições:
SE Deus for comigo,
SE Deus me guardar,
SE Deus me der comida para comer,
SE Deus me der vestuário para vestir, e
SE eu voltar à casa de meu pai em segurança (que não aconteceu senão 20 anos mais tarde).
ENTÃO, e somente então, Deus pode ter 10% de tudo o que me dá.
Com base nesta passagem nenhum cristão está obrigado a dizimar, alias não temos que repetir os atos de ninguém, Jacó praticou muito atos reprováveis, e esta listinha que ele fez até parece com certas igrejas modernas, só que a promessa era para dízimar depois e hoje se dízima antes.
Se o dízimo de fato era uma ordenança de Deus anterior a Lei, teríamos que adotar a circuncisão nos dias atuais, pois Deus ordenou isso a Abraão em Gênesis 17:10, em Gênesis 17:14 seria extirpado quem não fosse circuncidado, em Gênesis 17:24 Abraão com a idade de 99 foi circuncidado para a manutenção da aliança com Deus. Deus condicionou a circuncisão a aliança feita com Abraão não o dízimo. Dessa forma, se o dízimo era de fato uma ordem Deus, imaginem a circuncisão, que era vital para a manutenção da aliança entre Deus e Abraão... Se usarmos as regras vigentes anterior a lei temos que adotar todas as práticas de Abraão... Notemos que a circuncisão é também citada na lei, antes dela e no NT, porem não é ordenança para a igreja. Antes da lei também temos os sacrifícios e os sábados.
O DIZIMO NO NT
O dízimo não é ensinado no NT, nem por Jesus, nem por Paulo ou outro escritor das epistolas. Mas o fato dele ser citado é aproveitado por muitos para fazer dele mandamento para a igreja.
Vamos as estas citações:
Quando Jesus citou os dois homens que foram orar no templo, Ele cita que o fariseu se gabava de ser dizimista, mas isso não lhe ajudou em nada, quem saiu justificado foi o publicano que se reconhecia pecador. Neste texto não há nada que induza a igreja de Jesus a dizimar.
A outra passagem do NT que fala sobre o dizimo esta em Mat 23 e texto relacionado em Lucas e seguramente é um dos mais utilizados para propor o dízimo com doutrina para a igreja, afinal Jesus ali diz fazei isso- dizime- sem omitir aquilo.
Mas será o que o texto é avaliado corretamente? A quem e quando Jesus falou deveriam ser fatos a serem considerados.
A lei vigorava e Jesus veio para cumpri-la. Desde o sacrifício de pombinhos, destinados aos mais pobres, conforme a lei apresentado por seus pais no seu nascimento, passando por sua circuncisão ao oitavo dia, até após sua morte quando as mulheres foram ao túmulo no domingo de manhã para ungir o corpo, vemos a lei sendo observada. Vemos Jesus curando leprosos e mandando eles se apresentarem ao sacerdote segundo a lei. Jesus falava a um povo sob a lei com a lei vigorando ( Ele ainda não tinha morrido) e portanto nada mais lógico dele ter falado isso, fazei isso ( conforme a lei). Mas isso não torna o dízimo doutrina para a igreja.
Alem do mais se o verso 23 fosse mandamento para igreja pelo fato de Jesus ter dito fazei isso, o que dizer do verso 3? Vejamos:
Mateus 23: 1-3, 23
1 Então, falou Jesus à multidão e aos seus discípulos,
2 dizendo: Na cadeira de Moisés, estão assentados os escribas e fariseus.
3 "Observai, pois, e praticai tudo o que vos disserem; mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não praticam."
...
23 "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer essas coisas e não omitir aquelas."
Se o "fazei estas coisas sem omitir aquelas," do verso 23, é mandamento para igreja o "observai e praticai tudo" do verso 3 também seria . E o que os escribas e fariseus diziam? Toda lei e muito mais, pois iam alem dela ( tenho minhas dúvidas se a hortelã, o cominho e o endro deviam ser dizimados ).
Ainda resta os textos de Hebreus, mas não da para fazer mandamento de uma citação que visa simplesmente mostrar a superioridade de Jesus sobre o sacerdócio de Melquisedeque. Se o texto ensinasse dizimarmos teríamos um problema pois ali o sacerdócio de Melquisideque é apresentado como superior ao araonico e o dízimo dado hoje esta muito mais para o dízimo araonico da lei do que para o dízimo dado por Abraão ao sacerdote Melquisedeque, sobre este dízimo , diferente do dizimo da lei, não temos ensino de onde, como, quando e porque dizimar e muito menos do destino do dízimo arrecadado.
O ENSINO PARA A IGREJA
Todo ensino para a igreja estão registrados nas paginas do NT e nele não vemos o dízimo. Vemos poucos textos falando do sustento de obreiro e uma maioria esmagadora de textos falando sobre a ajuda aos necessitados.
No Novo Testamento não temos nenhum ensino sobre o dizimo para igreja ( Os textos dos evangelhos e de Hebreus já foram explicado), mas fala em contribuir para ajudar aos necessitados da igreja. Temos alguns textos falando sobre o sustento dos obreiros mas estes são minorias e não nenhuma relação com o dízimo.
Diferente da igreja do tempo apostólico a igreja de hoje fala muito em dinheiro, mas seu destino é outro. Sustentar obreiros e estruturas se destacam enquanto a ajuda aos necessitados estão em segundo plano ( quando estão).
Alem do mais estas contribuição eram voluntárias e segundo a prosperidade de cada um e a administração destas ofertas eram eficazes e sérias.
Seguem-se alguns textos :
Atos 2:44,45
Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum.
Vendiam suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade.
Nos primórdios da igreja o povo contribua com o objetivo de suprir a necessidade dos irmãos, ninguém tinha preocupação com o que era seu mas tudo era em comum.
Aqui vemos contribuição e vemos que esta difere das ofertas e dízimos ensinados hoje e não visa a necessidade comum e cada irmão e sim sustentar obreiros e estruturas ( não que seja errado, mas o problema esta na prioridade.)
Atos 2:44,45
Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum.
Vendiam suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade.
Nos primórdios da igreja o povo contribuía com o objetivo de suprir a necessidade dos irmãos, ninguém tinha preocupação com o que era seu mas tudo era em comum.
Aqui vemos contribuição e vemos que esta difere das ofertas e dízimos ensinados hoje e não visa a necessidade comum e cada irmão e sim sustentar obreiros e estruturas ( não que seja errado, mas o problema esta na prioridade.)
Atos 4: 32,35
.. .Ninguém considerava exclusivamente sua nenhuma coisa que possuia , tudo porém era comum. Com grande poder, os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça. Pois nenhum necessitado havia entre eles, porquanto os que possuíam terra ou casas, vendendo-as. traziam os valores correspondentes e depositavam aos pés dos apóstolos, então, se distribuíam a qualquer um à medida que alguém tinha necessidade.
Aqui o texto segue o citado anterior ( Atos 2) A necessidade de cada um era prioridade e ninguém se apegava aos seus bens mas os usavam para suprir as necessidades dos irmão. Os apóstolos aqui começavam a ter a responsabilidade de ajudar nesta distribuição pois a eles eram entregues os valores e estes distribuíam. Continuando no texto vemos Barnabé vendendo uma propriedade e trazendo aos apóstolos e o caso de Ananias e Safira que fizeram isso pela motivação errada e mentindo sobre o valor da venda. Deus não quer este tipo de contribuição. Observem que a contribuição era voluntaria, os que faziam o faziam de coração, ninguém era obrigado ( conservando-o, porventura não seria teu? e vendido, não estaria em seu poder?), mas fazer para aparecer e mentir,Deus não não tolera.
Atos 6;1.4
... porque as viúvas deles estavam sendo esquecidas na distribuição diária....
Não é razoável que nós abandonemos a palavra de Deus para servir às mesas....
Escolhei dentre vós sete homens....aos quais encarregaremos deste serviço.
O serviço de ajuda era primordial para igreja que surgia, e os apóstolos devido aos seus afazeres em relação a Palavra de Deus atribuíram este serviço aos diáconos para que esta distribuição fosse feita de forma correta, não esquecendo de ninguém. Aqui vemos que a função dos diáconos eram servir as mesas, ou seja distribuir entre os necessitados ( Hoje parece que em muitas igrejas o diácono serve para ficar na porta do templo, olhar os carros, chamar atenção das crianças... mas isso já é outro assunto)
Continuamos a ver que ajudar, repartir era algo primordial a igreja, o povo contribuía e os apóstolos, depois os diáconos serviam a Deus ajudando neste ministério. Até aqui não vemos contribuição e ofertas para sustento do obreiros e estruturas ( até necessário se dermos a importância devida a cada ação)
ATOS 10;4
..e as tuas esmolas subiram para memória diante de Deus.
Aqui vemos as esmolas ( ajuda ao necessitados) agradando a Deus, e no caso isso aconteceu mesmo antes de Cornélio conhecer a Jesus, este orava a Deus e dava esmolas e Deus se agradou disso que providencio alguém para lhe levar a mensagem com´reta do evangelho. O que agradou a Deus foi as esmolas que ajudavam os pobres não que sustentavam estruturas de templos.
Atos 11:29
Os discípulos, cada um conforme suas posses, resolveram enviar socorro aos irmãos que moravam na judeia.
Diante de uma fome na região da judeia os discípulos contribuíram para socorrer os irmãos afetados por ela, E olhem que alem de voluntaria este socorro era segundo as posses.Alguma semelhança com os dízimos e ofertas modernas?
Rom 15:26
"Porque aprouve à Macedônia e à Acaia levantar uma coleta em beneficio dos pobres entre os santos que vivem em Jerusalém."
De novo coletas em favor dos pobres.
I Cor ¨16:1,2
"Quanto à coleta para os santos, fazei vós também como ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte, em casa, conforme sua prosperidade.
Mais uma vez, ofertas para os santos e esta oferta não tinham um percentual tipo dizimo, cada um faria segundo sua prosperidade ( e por favor não venham dizer que um percentual igual para todos é conforme a prosperidade, pois 1% de quem ganha uma bolsa família de 300,00 pode ser muito mais do que 50% de quem ganha 50.000,00)
II Cor 8: 2,5
Como em muita prova de tribulação houve abundancia do seu gozo, e como a sua profunda pobreza abundou em riquezas da sua generosidade. Porque, segundo o seu poder (o que eu mesmo testifico) e ainda acima do seu poder, deram voluntariamente .Pedindo-nos com muitos rogos que aceitássemos a graça e a comunicação deste serviço que se fazia para com os santos. E não somente fizeram como nós esperávamos, mas a si mesmos se deram primeiramente ao Senhor, e depois a nós, pela vontade de Deus.
II Cor 9:1
Quanto à administração que se faz a favor dos santos, não necessito escrever-vos;
II Cor 9: 7,
Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria.
Gal 2:10
recomendando-nos somente que nos lembrássemos dos pobres, o que também procurei fazer com diligência.
I Tm 5:3 e 8
Honra as viúvas que verdadeiramente são viúvas.
Mas, se alguém não tem cuidado dos seus, e principalmente dos da sua família, negou a fé, e é pior do que o infiel
Tg 2: 15,16
E, se o irmão ou a irmã estiverem nus, e tiverem falta de mantimento quotidiano, E algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos, e fartai-vos; e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí?
Seria necessário mais comentários?
Para quem quer pesquisar mais sobre o dízimos uma sugestão:
" Desmistificando o dízimo" Paulo José F. de Oliveira ABU Editora
(para mim o melhor livro editado sobre o tema)
Vamos aos videos: ( Obs: vamos nos ater ao conteudo da mensagem, não aos mensageiros baseado em outras posições teologicas deles)
Emerson Fragona: Ministério Vida ES / O Livro de Malaquias e o dizimo.
Ed Rene: Pastor Igreja Batista Água Branca SP/ Dizimo e generosidade.
Zé Bruno: Casa da Rocha SP / Dizimo hoje?
VIctor Fontan ( Teologo presbiteriano) / Dizimo no Novo testamento?
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023
A abominável igreja cristã
(O texto tem mais de 10 anos, os probremas apresentados nas tais igrejas evoluiram e pioraram, nesta época não se fazia campanhas eleitorais de forma tão cinica como hoje em dia acontece em muitas chamadas igrejas, mais um problrma ao personagem do texto.)
Quero te convidar para um exercício de imaginação. Imagine que você é um não-cristão vivendo no Brasil de nossos dias e que, em determinado momento da vida, sente uma enorme sede por algo que venha a preencher o vazio de sua alma. Decide buscar na fé o sentido da vida e a razão da sua existência. Resolve, assim, antes de optar de cara por uma religião, fazer uma pesquisa. Você parte, talvez por insistência de amigos ou parentes evangélicos, a tentar descobrir o que significa afinal, ser um cristão e o que é a igreja evangélica brasileira dos nossos dias. Pois, quem sabe, não está ali a resposta? É uma tradição religiosa que, afinal, tem crescido, algo de bom deve ter ali. Então você decide ver como é essa tal de igreja evangélica. E, acima de tudo, você quer encontrar esse tal de Jesus, que dizem que preenche a nossa vida e a nossa alma. Mas…por onde começar?
Na dúvida, em vez de ir a um templo pessoalmente, prefere ligar a TV. Mais fácil, rápido e sem envolvimento com todas as questões (e pessoas) de uma igreja local. Você sabe que na TV tem pastores (quem não sabe, hoje em dia? Tem tantos!). Não conhece muitos, logo, conclui, naturalmente, que aqueles ali devem ser a representação fiel de todo e qualquer pastor. Mas engraçado… quem você vê não se parece com um sacerdote, afinal pelo que você se lembra da época de catecismo, Jesus falava com amor e mansidão, chamando os que estão cansados e sobrecarregados para os braços do Pai. Mas, pelo contrário, vê um homem que só berra. Em vez de falar sobre dar a outra face, amar os inimigos e caminhar a segunda milha, ele fica meia hora falando sobre gays e blogueiros que querem denegrir sua imagem. Critica até outros pastores, veja você! Aí você ouve esse senhor chamando outro pastor de “cachorro morto” e esbravejar aos cuspes, berros e olhares que lembram os de Bela Lugosi. E você, o não-cristão, que ligou naquele programa ávido por aprender mais sobre Jesus e sobre o que é a vida com Cristo, começa a achar que aquilo ali é ser cristão. Afinal, aquele senhor é um pastor, embora ele não diga nada parecido com o que você esperava, como, por exemplo, “bem-aventurados serão vocês quando, por minha causa, os insultarem, os perseguirem e levantarem todo tipo de calúnia contra vocês“.
Decide esperar um pouco mais e, de repente, parece que valeu a pena… vê o mesmo pastor mudar de discurso, adotar uma postura mais suave, um tom de voz mais brando. Você sente-se aliviado, achando que agora ele vai falar de Jesus ou algo como “Não acumulem para vocês tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e onde os ladrões arrombam e furtam” ou mesmo “Mais do que isso, considero tudo como perda, comparado com a suprema grandeza do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, por quem perdi todas as coisas. Eu as considero como esterco para poder ganhar Cristo“. Mas, para sua surpresa, o pastor começa a falar de dinheiro, dinheiro, dinheiro e a vender produtos e mais produtos, livros, bíblias, CDs, DVDs… montes de coisas, no cartão ou cheque pré. Parece a grande queima de estoque gospel de um camelódromo qualquer. Você acha aquilo muito estranho.
Ainda tentando entender se o cristiansimo é a fé que vai preencher seu coração, decide procurar informações em outras fontes. Acessa então o website de outro conhecido pastor, que faz transmissões diárias pela Internet. Ah, agora sim, longe das pressões financeiras de manter uma mega estrutura de TV, você tem certeza que ouvirá o Evangelho genuíno. Naquele dia, curiosamente, em vez de falar sobre o amor de Jesus ou a eternidade, aquele pastor está comentando uma reportagem que saiu numa revista sobre os evangélicos. Uau, que legal! Agora você vai aprender muito sobre o cristianismo. Vc espera que o tal pastor ensine algo como “Vocês ouviram o que foi dito aos seus antepassados: ‘Não matarás’ e ‘quem matar estará sujeito a julgamento’. Mas eu lhes digo que qualquer que se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento. Também, qualquer que disser a seu irmão: ‘Racá será levado ao tribunal. E qualquer que disser: ‘Louco!’, corre o risco de ir para o fogo do inferno“. Mas, em vez disso, o pastor começa a dizer que todos os outros pastores que foram mencionados na matéria são “bundões”. Você não entende nada. Não era afinal o cristianismo aquela religião em que seu fundador disse “Amem os seus inimigos, façam o bem aos que os odeiam, abençoem os que os amaldiçoam, orem por aqueles que os maltratam“? E no entanto aquele pastor que fala tanto sobre amor chama outros pastores de “bundões”. Você fica confuso. Muito confuso.
Decide então ir para uma mídia social. Entra no twitter. Mas sai rapidinho, pois a quantidade de coisas que os cristãos falam ali são tão diferentes, sem uma linha em comum, são tantas visões diversas, tanta opinião sem embasamento bíblico, tanta frase tuitada fora de contexto, tanta gente defendendo tanta coisa díspare. Aquilo te deixa meio zonzo. Ficar 5 minutos no twitter faz você achar que Cristo era um cara muito confuso e que a fé cristã é uma grande Babel. Resolve então que vai buscar mais sobre Jesus e a igreja em outro lugar. Que tal… a rádio! Sim! A rádio! Ali certamente só haverá coisa boa! Então você sintoniza numa rádio gospel e ouve um grupo famoso que começa uma canção com o cantor dizendo “Senhor, eu quero ter um romance contigo!”. Você se assusta. Como assim? Seria esse o mesmo Senhor a quem o salmista diz “Pois tu, Senhor, és o Altíssimo sobre toda a terra! És exaltado muito acima de todos os deuses!“? Você acha estranhíssima essa coisa de ter um romance com Deus e muda de estação. Outra rádio gospel. Se assusta de cara, pois parece que a cantora está chorando. É o que ela chama de “ministrar”. Mas, meu Deus, que choradeira! Que tom de voz artificial! Quanta falação que não leva a nada! Aquilo te incomoda tanto que você resolve então mudar para uma rádio onde haja pregações.
Sim! Se a Bíblia diz que é por ouvir a Palavra que vem a fé, nada melhor do que ouvir uma pregação. O pregador começa. E, rapaz, ele grita tanto! Berra! O povo em volta se sacode e se remexe muito, uma coisa estranhíssima. O homem no púlpito agarra o microfone e, em gritos alucinados, grita para Deus, repreende coisas que você não entende direito, grita, grita, grita…parece afinal que o Deus dos cristãos é surdo. Por um desses acasos, você se lembra da oração silenciosa de Jesus em que Ele diz “Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu; O pão nosso de cada dia nos dá hoje; E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores; E não nos conduzas à tentação; mas livra-nos do mal; porque teu é o reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém“. E não entende por que aquele rapaz da rádio pecisa gemer e gritar tanto.
Você decide perguntar para alguém da sua família que frequenta uma igreja e essa pessoa explica que aquilo é “manifestação do poder de Deus”. Você pensa então nas milhares de igrejas pelo mundo onde se ora num tom de voz normal, sem impostação, sem grito, apenas numa conversa franca, suave e aberta com o Pai… e pega-se pensando “será que, afinal, nessas igrejas não está o poder de Deus? Será que em igrejas em que não se grita nem se rodopia Jesus não salva almas, não cura enfermos, não restaura os caídos, não abraça os feridos?”. Você ouve até esse seu parente fazer uma piada com outros irmãos em Cristo, falando sobre “igreja sorveteriana, de tão fria”, e tem a nítida sensação (que não pode estar certa, deve ser impressão sua) que os cristãos são muito desunidos. Esse pensamento, de tão absurdo, foge rápido da sua mente, e você volta a refletir sobre a questão de se igrejas que não são barulhentas não têm o poder de Deus. E aí você se lembra que é impossível o poder de Deus estar ausente de onde Deus está e que a Bíblia assegura, nas palavras do próprio Cristo que “onde se reunirem dois ou três em meu nome, ali eu estou no meio deles” e repara que o poder de Deus se manifesta em qualquer ambiente em que haja pessoas reunidas em seu nome. E decididamente fica sem entender aquela coisa de que para haver poder de Deus é preciso berrar, bater no púlpito e se comportar de modo até meio descontrolado. “Mas tudo bem, faz parte da cultura dessa ou daquela denominação” e, conformado, decide continuar em sua busca.
Afinal, você tem um vazio na alma. Então, embora tudo aquilo lhe pareça muito estanho, você insiste. Muda de estação de rádio. O que ouve ali é um pastor… conversando com um demônio! Aquilo então lhe soa bizarro, pois pelo que já ouvira, a forma bíblica de Jesus de lidar com os demônios era não lhes dar nenhum papo, como diz Mateus 8.16 “Ao anoitecer foram trazidos a ele muitos endemoninhados, e ele expulsou os espíritos com uma palavra”. Repare, uma única palavra! (mais sobre isso no post Batalha espiritual ou bandalha espiritual?). E, de repente, tem pastores usando espaço em que poderiam estar pregando que “Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores“, como ensina 1 Tm 1.15, mas…ficam dando oportunidade a demônios para tagarelarem sobre um altar que deveria estar sendo usado para exaltar o Todo-Poderoso.
Cansado de tentar entender a fé cristã pela mídia – sem conseguir entender, pois a cada nova tentativa a coisa parece mais complicada – você opta por vencer a preguiça e visitar diferentes tipos de igrejas e comunidades cristãs. Vai primeiro a uma igreja de um pastor famoso, que tem milhares de seguidores no twitter. Mas o homem começa a ensinar que Deus não está no controle de tudo o que acontece, que as desgraças que ocorrem no mundo não têm anuência do Onipotente… só que aquilo contraria toda a lógica de dois mil anos de cristianismo, como você conhecia. Você se lembra de Jó, se lembra do Dilúvio, dos exércitos de faraó sendo afogados…não, aquilo não pode ser cristianismo, Deus ainda deve estar no controle. Mesmo que um ou outro pastor-celebridade diga que não.
Sai do culto e vai a outra igreja. Linda, pessoas muito bem arrumadas, opa, quem sabe nao é ali que você vai compreender Cristo? A pregadora começa a falar sobre Jesus te dar carro do ano se você crer, em ganhar uma bolsa Louis Vuitton se declarar a vitória e tomar posse da bênção, sobre como Deus pode fazer sua empresa prosperar se você der uma gorda oferta…. mas estranhamente nada daquilo preenche o vazio da sua alma. Você abre a Bíblia que comprou (uma cheia de estudos, de capa colorida e que estava numa promoção única) e lê “Aquele que é cobiçoso corre atrás das riquezas; e não sabe que há de vir sobre ele a penúria” e percebe que aquele discurso daquela senhora soa muito contraditório. Aí vira mais algumas páginas da sua Bíblia e lê lá no Novo Testamento que o próprio Jesus de Nazaré afirma: “Não acumulem para vocês tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e onde os ladrões arrombam e furtam. Mas acumulem para vocês tesouros nos céus, onde a traça e a ferrugem não destroem, e onde os ladrões não arrombam nem furtam“. Tem algo muito estranho acontecendo nessa tal igreja, mas você ainda não conseguiu definir o que é. Resolve continuar procurando.
E você, incansável, segue num périplo para entender o que é a igreja. E, mais que isso, para tentar conhecer esse tal de Jesus que dizem que preenche a nossa vida. Mas percebe que a linguagem de muitas igrejas é apenas dirigida pelo marketing, que sabe que cliente satisfeito volta, e por isso, muitas estão regendo suas práticas pelo mercado e buscam satisfazer o cliente. Nota ainda uma característica presente em quase todas: não se fala de morte, pois pelo discurso geral o negócio é aqui e agora, é o imediatismo (igrejas essas cheias de pessoas desesperadas, que estão atrás de uma ajuda rápida para situações urgentes). E sua cabeça dá um nó, pois afinal Jesus afirmou sem sombra de dúvida que o que importa no grande esquema das coisas é a eternidade, é a vida eterna, é o porvir: “Não trabalhem pela comida que se estraga, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem lhes dará. Deus, o Pai, nele colocou o seu selo de aprovação“.
Já cansado da busca, você ouve falar de comunidades alternativas, que fogem do modelo institucional de igreja. Os chamados desigrejados, que saíram de igrejas tradicionais decepcionados não só com práticas e doutrinas, mas com pessoas. Resolve ir ao encontros de alguns desses grupos, vai que ali sim existe um cristianismo mais cristalino, longe da poluição das instituições maquiavélicas que “manipulam a Palavra de Deus”. Descobre, no entanto, que as pessoas que frequentam essas comunidades criticam hierarquias mas têm modelos hierárquicos, que criticam liturgias mas seguem liturgias, que abominam pastores mas têm seus “irmãos mais experientes na fé”, que não se reúnem em templos mas se reúnem em algum lugar. Mudam o nome das coisas (em vez de “igreja” se chamam “comunidades”, por exemplo), mas na essência nada muda, pois são formadas por pessoas e pessoas pecam (mais sobre esse assunto você pode ler nos artigos Jesus X Igreja: tornei-me cristão quando saí da igreja e Jesus nunca construiu templos). E aí você percebe que a igreja dos sem igreja é apenas mais do mesmo, só que com cores diferentes, e não se empolga com esse modelo.
Disposto a dar mais uma chance, pois aquele vazio continua, você vai junto com aquele seu primo crente que é adepto de um negócio chamado “batalha espiritual’ a um seminário onde ensinam montanhas de coisas sobre demônios, hierarquias demoníacas, nomes e cargos de demônios, mapeamento espiritual….rapaz, é demônio pra tudo que é lado. Curioso, você indaga, cochichando, ao seu primo de que lugar da Bíblia eles tiraram tanto conhecimento assim e ele gageja, hesita e diz que na verdade são revelações obtidas ou da boca dos próprios demônios (que, curiosamente mentem o tempo todo) ou de “ex-satanistas” que juram que faziam parte dos mais altos escalões do movimento satanista e começam a escrever livros e mais livros sobre o tema. Claro que viajam dando seminários (cobrando taxas bem gorduchas) , dando palestras e “ministrando” sobre o assunto. Mas nada daquilo veio da Bíblia! (você pode ler mais sobre isso no artigo Batalha espiritual ou bandalha espiritual?). E, adivinha só, você que esperava conhecer mais sobre Cristo e o cristianismo, só fica mais e mais e mais confuso – e, agora, cheio de doutrinas de demônios na cabeça.
Exausto por tentar entender o que são afinal de contas a igreja e o cristianismo (e esse Cristo, que até agora você não encontrou), começa a detectar problemas gerais. Falta de acolhimento, frustração com o estilo de liderança, frustração com as ênfases doutrinárias, ênfase excessiva na contribuição e escândalos pululam em cada esquina. Abre o jornal e vê deputados, senadores, governadores e outros políticos da chamada “bancada evangélica” metidos em um monte de escândalos. É tanta coisa, tanto troço, tanta tramoia que você se vira para os seus parentes e diz:
– Querem saber de uma coisa?! Desisti desse negócio de tentar conhecer Jesus! Não entendi se ser cristão é ser manso ou agressivo, se tenho de orar berrando ou não, se devo seguir a Bíblia ou coisas ensinadas por demônios, se devo cantar a Deus com respeito ou se devo ter um romance com Ele, se devo ir a uma igreja ou a uma comunidade que se reúne numa sala de estar…o que, afinal, é ser cristão?! Cadê a união?! Cadê a unidade?! Cadê “para que sejam um, assim como somos um”? Chega! Cansei! Preciso de um lugar onde eu encontre amor verdadeiro, unidade, paz e esperança! E não estou encontrando isso nessa tal igreja evangélica! Fui!
Aí, convidado por um colega de trabalho, você vai visitar um centro de outra religião. Ali você encontra pessoas mansas e humildes de coração, que falam com carinho e ajudam o próximo. Fala-se ali muito de amor. Faz-se muita caridade. E você descobre que ali é o lugar onde tudo faz sentido. Igreja evangélica? Não, obrigado.
E aqui acaba nosso exercício de imaginação, com a derrota total do cristianismo. Com uma chamada “igreja evangélica” tão falida que mais espanta que atrai. Que não tem apresentado nem representado Jesus de Nazaré. The End.
Mas…
Um segundo só. Por favor, ainda não vá embora.
Pois essa história pode não acabar aqui.
Façamos outro rápido exercício de imaginação. Imagine uma igreja onde o Evangelho é pregado como Jesus ensinou. Sem shows, sem balbúrdia, sem marketing. Sem palcos iluminados, com sistemas de som espetaculares e sem nenhum equipamento de filmagem. Que siga hierarquias e liturgias bíblicas, não opressoras, mas defensoras da ordem e da boa administração e condução do Corpo de Cristo. Que tenha um modelo discipular, voltado a formar não consumidores da fé, mas discípulos do Senhor Jesus. Onde a leitura da Biblia, o jejum, a meditação, a oração e outras disciplinas fundamentais da fé cristã sejam estimuladas. Onde haja poucos membros, mas que esses poucos se conheçam pelo nome, se tolerem, se ajudem, intercedam uns pelos outros. Onde seja pregado o verdadeiro Evangelho, o Evangelho da renúncia, do “tome a sua cruz e siga-me“. Onde a mensagem não seja “o que eu posso ganhar”, mas “o que eu posso dar”. Onde ame-se a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo (pelo menos tente-se fazê-lo). Onde dinheiro não seja causa, mas consequência, e algo que fique lá no fim da fila em termos de importância. Onde os pecadores não sejam apedrejados e expulsos, mas amparados, acolhidos, orientados, discipulados e postos novamente de pé. Onde Cristo seja glorificado na simplicidade. Onde uns lavem os pés dos outros. Onde haja contrição e confissão de pecados. Onde se pregue sobre morte, sofrimento, derrotas e dor – porque sim, isso também faz parte da fé. Essa igreja é possível. Acredite, é possível. Não há uma igreja perfeita. Mas essas igrejas onde busca-se o Evangelho puro e simples, longe dos holofotes e das colunas sociais gospel existem. Geralmente são anônimas, desconhecidas da mídia ou do grande público. Geralmente, seus pastores têm nomes que você nunca ouviu falar. Geralmente é onde se reune aquele remanescente que não dobrou seus joelhos a Baal.
Não desista dessa busca. Ainda há igrejas onde você encontra Jesus de Nazaré. E onde você consegue viver o cristianismo como o cristianismo foi feito para ser. Desligue a TV com seus astros da fé, pare de ouvir grupos e cantores da moda, esqueça os ventos e os modismos, fuja de seminários estranhos, tire o diabo do centro e concentre-se em Deus… e procure essas igrejas. São igrejas anônimas, pequenas e desconhecidas, mas onde Jesus se orgulha de entrar e de dizer: “Aqui sim me sinto em casa”.
Paz a todos vocês que estão em Cristo.
MAURÍCIO ZÁGARI
Publicado: 20/07/2011 em Amor, Amor ao próximo, Espiritualidade, Igreja dos nossos dias, Igreja institucional, Morte, Pecado, Teologia da Prosperidade, Vídeos, Vida após a morte, Vida eterna
Fonte:
Apenas1
https://apenas1.wordpress.com
quarta-feira, 2 de novembro de 2022
sexta-feira, 21 de outubro de 2022
'Perseguição contra cristãos já começou no Brasil. Só que dentro da igreja' II
https://apublica.org/2022/10/pastores-relatam-perseguicoes-e-ate-ameacas-de-morte-por-voto-em-lula/
terça-feira, 18 de outubro de 2022
'Perseguição contra cristãos já começou no Brasil. Só que dentro da igreja'
Eleições 2022: 'Perseguição contra cristãos já começou no Brasil. Só que dentro da igreja'
Ricardo Senra - @ricksenra
Da BBC News Brasil em Londres
18 outubro 2022, 05:09 -03
Atualizado Há 2 horas
Mão estendida em culto religioso
CRÉDITO,GETTY IMAGES
Legenda da foto,
Pressão de pastores e irmãos de fé por votos em Bolsonaro tem levado evangélicos a expulsão ou abandono de igrejas em diferentes partes do Brasil
"A gente se sentiu descartável." "É como se nós, cristãos, estivéssemos vivendo a própria ditadura dentro do templo." "Não reconheço mais a Igreja hoje." "O pastor abandonou a Bíblia pra falar de comunismo." "É triste ver um lugar sagrado sendo corrompido." "A perseguição contra os cristãos já começou no Brasil. Só que dentro da própria igreja."
Uma pesquisa do Datafolha sugere que seis em cada dez evangélicos brasileiros pretendem votar em Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno. As frases acima foram ditas por cristãos que não fazem parte deste grupo majoritário.
Você ou alguém que conhece foi diretamente afetado por sua posição política? Conte sua história com segurança e privacidade para a BBC
Apesar de representarem parte expressiva da comunidade evangélica — quatro em cada dez, segundo o levantamento mais recente do instituto —, aqueles que discordam do presidente raramente têm chance de expressar sua opinião.
O que é ser evangélico?
Campanha de última hora dentro de igrejas evangélicas pode ter ampliado votos de Bolsonaro, diz cientista política americana
Principalmente dentro das igrejas, eles contam.
À BBC News Brasil, eles dizem que, enquanto muitos de seus irmãos de fé apoiam Bolsonaro por medo de enfrentarem episódios futuros de intolerância religiosa no Brasil, a perseguição contra cristãos já existiria no país.
Nas palavras dos entrevistados, ela acontece dentro dos próprios templos, puxada principalmente por líderes religiosos que ameaçam com castigo divino ou punição dentro da própria igreja aqueles que discordam da fusão entre política e religião que tem marcado estas eleições.
A BBC News Brasil pediu esclarecimentos a todas as igrejas citadas nesta reportagem: Igreja Quadrangular, Igreja Batista, Assembleia de Deus e Santuário católico de São Miguel Arcanjo. Nenhuma respondeu às solicitações de comentários.
Enquanto pastores influentes como André Valadão e Silas Malafaia dizem que igrejas devem ter posição política clara e fazem campanha pela reeleição do atual presidente, a BBC News Brasil recebeu mais de 100 relatos de cristãos, principalmente evangélicos, que narram episódios de pressão ou intimidação dentro dos templos na reta final da eleição.
Muitos pediram anonimato, com medo de consequências para si próprios ou suas famílias dentro das igrejas.
Outros já sofreram consequências.
Jair Bolsonaro e Silas Malafaia em culto evangélico
CRÉDITO,GETTY IMAGES
Legenda da foto,
Por votos em Bolsonaro, líderes religiosos ameaçam com castigo divino ou punição dentro da própria igreja aqueles que discordam da fusão entre política e religião que tem marcado estas eleições
'Queimar quem vota em Lula'
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Podcast
Logo: As Estranhas Origens das Guerras Culturais
As Estranhas Origens das Guerras Culturais
Adaptação de premiado podcast da BBC ‘Things Fell Apart’, de Jon Ronson.
Episódios
Fim do Podcast
Alisson Santos diz ter sido expulso junto à esposa da igreja evangélica que frequentava desde 2019 em Aracaju (SE). Até o início de outubro, ambos trabalhavam como evangelizadores de jovens no templo.
Em entrevista à BBC News Brasil, ele diz que o apoio de pastores a Bolsonaro e seus aliados sempre existiu, mas se intensificou no segundo semestre, quando um dos pastores se candidatou a deputado estadual.
"A partir daí, em todas as reuniões a gente tinha que orar por esse pré-candidato e fazia reuniões para falar sobre isso", ele conta. "Diziam que Bolsonaro é o único candidato que defende a liberdade religiosa, o único que vai manter igrejas abertas. E que, se Lula for eleito, ele vai fechar as igrejas, queimar as igrejas".
Ele conta que viu frequentadores da igreja sendo expostos no altar por discordarem dos candidatos apoiados pela igreja.
"Ele (o pastor), antes do culto, procurou pessoas para perguntar em quem elas votariam. Algumas pessoas disseram que votariam num candidato diferente do dele. Na hora do culto ele usou essas pessoas como exemplo do que não fazer", ele diz.
"Ele fez isso durante a Palavra, duas semanas antes da eleição."
Para o jovem, o tom violento adotado em alguns cultos contradiz o propósito dos templos religiosos.
"Teve um culto em que o pastor chegou e falou que se o candidato Lula fosse eleito e fossem queimar as igrejas, ele ia mandar queimar primeiro quem votou nele. Isso não foi fora da igreja, não foi nos corredores, foi na frente da igreja toda", ele diz.
Culto em igreja evangélica
CRÉDITO,GETTY IMAGES
Legenda da foto,
"Você passa a ser perseguido dentro do próprio templo pelos irmãos, na fé e pelos próprios pastores. Porque, se você não obedece, se você não segue aquele político que eles escolheram para votar, você não é cristão", diz entrevistada
'Minha esposa só chora'
Após semanas evitando se posicionar na frente de pastores, Alisson compartilhou no status do WhatsApp um trecho de uma entrevista de Bolsonaro à revista IstoÉ Gente, em fevereiro de 2000.
Questionado na ocasião sobre sua opinião em relação ao aborto, que hoje condena veementemente, o então deputado respondeu: "Tem que ser uma decisão do casal".
Alisson também compartilhou um vídeo gravado em 2017, quando Bolsonaro discursou dentro de um templo da maçonaria — entidade criticada por parte dos evangélicos.
Ambas as imagens viralizaram recentemente nas redes sociais e foram usadas por opositores para ilustrar mudanças no discurso religioso de Bolsonaro ao longo das últimas duas décadas.
"Foi justamente por esse vídeo que eles marcaram uma reunião da diretoria", conta o jovem.
"Ele (o pastor) disse: 'Se vocês que não querem seguir o posicionamento da igreja, procurem outro lugar'. E isso pra mim foi um absurdo. E não foi nem particularmente, foi em frente a toda a diretoria."
Os dois deixaram seus cargos e não frequentam mais a igreja desde então.
"É muito triste. Minha esposa só chora desde o ocorrido. Ela só chora porque é o lugar que sempre nos acolheu", afirma. "A perseguição contra os cristãos já começou no Brasil. Só que dentro da própria igreja."
'Diziam que eu não era cristão de verdade': os evangélicos que mudaram de igreja por causa do bolsonarismo
Como bolsonarismo 'encolheu' bancada evangélica na Câmara
Alisson
CRÉDITO,ARQUIVO PESSOAL
Legenda da foto,
Alisson diz ter sido expulso da igreja por pensar diferente do pastor: 'Perseguição contra cristãos já começou no Brasil. Só que dentro da igreja'
'Perseguição dentro do templo'
Marta vive numa capital nordestina. Muito religiosa, ela também diz que se viu obrigada a deixar a igreja que frequentava há décadas por discordar da pressão de pastores por apoio ao presidente.
"Sinceramente, eu me senti pressionada. Fiquei muito triste, decepcionada primeiramente. E, sinceramente, não tenho vontade de retornar para o templo mais porque Jesus não é isso. Ele não veio para fazer pressão", diz.
"Você passa a ser perseguido dentro do próprio templo pelos irmãos, na fé e pelos próprios pastores. Porque, se você não obedece, se você não segue aquele político que eles escolheram para votar, você não é cristão. A sua fé, ela está sendo colocada à prova."
Durante toda a entrevista, Marta cita trechos e ensinamentos da Bíblia.
"Não é assim que Jesus nos ensinou, que a gente fosse agressivo, que a gente que se armasse e partisse para cima do nosso adversário. Não é isso que a palavra do Senhor ensina. A Palavra de Deus diz que a gente tem que mostrar o amor, a misericórdia, a bondade", afirma. " Jesus, ele é amor, é bondade. Ele veio para curar, salvar e libertar, e não para colocar medo nas pessoas."
Mãe de uma criança pequena e de um adolescente, ela conta que a pressão política e o consequente afastamento da Igreja abalou toda a família.
"Isso mexe muito com a família, porque temos uma base religiosa, uma base cristã. Você fala para os seus filhos, você prega para os seus filhos sobre a sua doutrina que você crê. E, de repente, o seu filho pergunta 'Mãe, que Cristo é esse'? 'Que doutrina é essa'? 'Que religião é desse jeito? Sobre pressão, sobre ditadura, sobre não poder escolher?'"
'Ninguém se importou com a nossa saída'
Deloana
CRÉDITO,ARQUIVO PESSOAL
Legenda da foto,
Deloana: "A gente se sentiu descartável, né? Ficamos com essa visão de que é um ambiente em que a gente não vai ser bem-vindo por causa da forma que a gente pensa"
Quase 3 mil quilômetros separam Marta de Deloana, uma assistente social de Osasco que frequentava a Assembleia de Deus há 12 anos. A história, no entanto, se repete.
"Sinto que perdi uma referência. De verdade. Sempre acreditei em Deus. Sempre gostei de ficar na igreja. Sempre gostei de participar dos grupos. Era realmente algo que fazia parte da minha vida", ela conta por videoconferência.
"E eu sinto que isso se perdeu. Não reconheço mais a Igreja hoje como a que conheci há dez anos. Por mais que a Igreja sempre tenha tido um posicionamento conservador, tenha a questão da doutrina, eu vejo as coisas hoje de forma muito violenta. Se penso de forma diferente, vem uma palavra de condenação. É como se eu pudesse ser punida por um pensamento que seja contrário."
A punição, na prática, aconteceu. Tudo começou quando seu marido, que frequentava a igreja desde criança, procurou um presbítero após um culto após se sentir ofendido por algumas de suas falas.
"Meu esposo terminou o ensinamento dos adolescentes e os levou para o final da aula para adultos. Esse homem estava finalizando a aula. Ele começou a passar alguns slides, colocando como se fosse o antes e depois dos jovens que entram nas universidades públicas. Era uma espécie de alerta para os pais que estavam ali", ela conta.
As imagens, segundo Deolana, mostravam um "antes e depois" de jovens que entram em universidades públicas. "O jovem todo arrumado em um primeiro momento, e depois ele fazendo uso de droga ou se 'tornando homossexual' dentro da universidade e coisas desse tipo. Querendo deixar bem claro que a universidade pública era um ambiente perigoso para os jovens."
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Eles disseram ao religioso que aquele discurso era inapropriado e que o próprio marido de Deolana estuda em uma universidade pública.
"Ele já se alterou bastante, pelo que eu entendi, por ter sido questionado por uma fala. Como se ele já não admitisse ser questionado. E aí chegou o momento de ele falou: 'Estou vendo que você é de esquerda e sinto muito por você'", conta a assistente social.
"E ele falou como se fosse um posicionamento que fosse trazer uma condenação para a gente, como se fosse algo absurdo. Em momento algum o meu marido falou dessa questão de política, de esquerda e de direita. Ele estava querendo focar na fala dele em relação a universidade em si, e aí ele misturou vários assuntos."
O casal não conseguiu mais ir à Igreja depois do episódio.
"A gente se sentiu descartável, né? Ficamos com essa visão de que é um ambiente em que a gente não vai ser bem-vindo por causa da forma que a gente pensa. O que me chateou mais a gente foi essa intolerância. Que o pensamento contrário seja colocado dessa forma, como se fosse pecado ou coisas do tipo", ela diz.
"E com isso a gente não retornou mais, nem ninguém procurou a gente. Então, ninguém se importou, essa é a verdade, com a nossa saída."
Santinhos
Paula
CRÉDITO,ARQUIVO PESSOAL
Legenda da foto,
Católica, Paula diz que distribuição de 'santinhos' na porta de santuário foi "a gota d'água"
João* e a esposa moram em São Paulo e, diferente de Alisson, Marta e Deloana, vão continuar frequentando a igreja, apesar da pressão pelo voto em Bolsonaro — em quem o casal não pretende votar.
"O nome de Bolsonaro é citado normalmente (nos cultos). Os irmãos, eles se dirigem ao presidente como o candidato correto. É o candidato do bem. E os demais candidatos, todos, independente da ideologia, são os adversários. São candidatos do mal, digamos."
Ele conta que, além do voto para presidente, pastores chegaram a indicar nomes e números de candidatos a cargos legislativos no primeiro turno dentro do templo.
"Geralmente a gente tem essa parte dos avisos no final dos cultos. Então, o pastor comentou que alguns irmãos tinham perguntado para ele alguma sugestão de candidatos para deputados de senadores (…) Então ele falou que, para quem quisesse, estava sendo montada uma lista de candidatos de deputados de que fosse, que seria disponibilizada para os irmãos que procurassem."
Frequentes nos comentários ouvidos pela reportagem, os relatos sobre indicações de votos dentro e fora de templos não vem só de evangélicos.
Católica, a paranaense Paula Izidro diz que essa foi a gota d'água.
"Eu tinha o costume de participar de uma caminhada com peregrinos da região ao Santuário de São Miguel Arcanjo. E na porta do santuário estava entregando o santinho de um candidato. Toda aquela coisa da peregrinação de fé acabou para mim ali", ela diz.
"Aquilo me deixou indignada, porque eles usaram o santuário de palanque. O padre fala abertamente sobre engajar na eleição, posta foto com Bolsonaro, e isso me deixa muito, muito deprimida. Logo ele que defende tortura, pena de morte, que não se importou com as pessoas na pandemia e tudo mais. Não condiz com o contexto religioso", ela diz.
'Perdi minha fé. Não tenho mais religião'
Enquanto muitos dos cristãos ouvidos pela reportagem contam que decidiram se afastar de suas igrejas e buscar outras opções, onde sua posição política seja respeitada, Luiz Fernando, que vive no interior da Bahia e era evangélico desde os 12 anos, tomou decisão mais drástica.
"Durante todos os anos que eu estive na Igreja, passamos por eleições presidenciais, por eleições municipais e nunca, até 2018, foi abordada essa questão de 'vote em tal candidato'. Era uma coisa que deixava todo mundo muito à vontade. Você não sabia se o seu irmão da cadeira da frente era a favor do partido A ou do partido B. Não sabia se a pessoa ao seu lado era a favor de partido A ou partido B. Tinha essa liberdade de voto e ninguém era recriminado por isso", ele lembra.
"Em 2018, eleição presidencial em que Jair Bolsonaro apareceu como o candidato cristão, que levantava a bandeira da família, da religiosidade, aquela coisa toda, eu percebi que a entonação dos cultos, o direcionamento dos cultos da igreja modificou. O pastor líder, em culto, no púlpito, falou: 'Vamos como cristãos votar em Jair Bolsonaro, pois ele representa a família e ele representa a nós cristãos. Aí, naquele momento eu entendi e falei 'não'. A política entrou na Igreja."
"Aí eu simplesmente eu percebi que tudo o que eu tinha vivido, aquela coisa de paz, de amor ao próximo, de tentar conquistar através do amor, foi tudo por água abaixo, porque eu vi o ódio e vi o ódio presente nas pessoas, nos meus amigos que eram da igreja. Eu vi essa coisa de guerra. Então eu falei: 'não, não dá mais, me desiludi com a religião. Eu simplesmente deixei de ir'."
A decepção o levou a, pela primeira vez na vida, se declarar "sem religião".
"Depois desse governo que se diz cristão, eu não consigo mais me relacionar com Deus intimamente. Na última pesquisa do IBGE, eu já me declarei que não tenho fé. (Perguntaram) 'Você é crente, você é católico, qual é a sua religião?' Eu falei: 'Não, não tenho religião'. Então não sei o que eles colocaram. Se agnóstico ou ateu, alguma coisa assim. Mas eu já não me coloquei mais como cristão, não me representa. Isso já não me representa mais.
"Eu percebi que para eu voltar a ter um relacionamento com Deus, a Igreja precisa mudar. E eu vejo que a Igreja não quer mudar."
*Nome alterado a pedido do entrevistado
- Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/brasil-63285936
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-63285936
segunda-feira, 12 de setembro de 2022
sexta-feira, 9 de setembro de 2022
quinta-feira, 8 de setembro de 2022
Jesus era de Direita ou de Esquerda?
Jesus era de direita ou de esquerda? Esta pergunta sempre surge em conversas de
bar, em almoços de família e em aulas de catequese. Incluir Jesus em temas
políticos, não somente é uma tendência, mas uma grande tentação. Isso porque,
num país hegemonicamente cristão como o Brasil (ainda que nominalmente), o nome
de Jesus atrai a atenção da audiência e autentica os discursos políticos. Antes
de responder a tal pergunta, é necessário deslindar as noções de direita e
esquerda. Para isso, lhe convido a retroagir pelo menos 230 anos na história.
Foi na França revolucionária que o entendimento que temos de direita e esquerda
desabrochou. Durante a Revolução Francesa, mais precisamente entre os anos de
1789 a 1791 a Assembleia Nacional Constituinte preparou a nova Constituição a
reger a França. Durante as reuniões da Constituinte, os girondinos, facção
proveniente das camadas mais altas da burguesia e requerentes de maior liberdade
política, demarcavam o lado direito da Assembleia. O lado esquerdo era ocupado
pelos jacobinos, grupo radical que privilegiava a igualdade de direitos entre
todas as camadas sociais. Dos embates demasiadamente polarizados entre esses
dois grupos é que nasce a compreensão popular e corrente de direita-esquerda que
temos hoje no debate público. Isto posto, necessitamos voltar a questão “Jesus
era de direita ou de esquerda?” Tendo em conta que Jesus é uma figura histórica
da Palestina do século I, tentar situá-lo à direita ou à esquerda é puro
anacronismo. Entretanto, se desejarmos cometer tal disparate, precisamos
analisar as ações de Jesus nos Evangelhos. Jesus é descrito pelos evangelistas
Marcos, Mateus, Lucas e João, como uma personagem autêntica, movida pelo amor a
Deus e ao próximo – nunca se engajando em projetos políticos de sua época.
Conforme os relatos dos Evangelhos, Jesus agia (de determinado modo), muito mais
à direita do que os atuais líderes conservadores de nosso país. Por exemplo,
Jesus se posicionou contra o divórcio, permitindo-o apenas em casos de
imoralidade sexual e isso por causa da dureza dos corações humanos. Em
contrapartida, a maioria dos líderes da direita em nosso país, se encontra no
segundo ou terceiro casamentos. Vivendo no regime romano absolutista dos
imperadores romanos, Jesus é questionado por fariseus e herodianos se era lícito
ou não pagar imposto a César. A sua resposta (sob a ótica política polarizada de
nossos tempos), não parece nada subversiva: “Daí a Cesar o que é de César e a
Deus o que é de Deus”. Para a alegria da direita, Jesus desautorizou a
deificação do dinheiro, porém não proibiu a capacidade de multiplicá-lo, de
acordo com a parábola dos talentos (Mateus 25). Jesus também se mostrou
favorável a instituições como casamento monogâmico e heterossexual (Mateus 19),
e a religião formal. À vista disso, muitos o identificam (anacronicamente), à
direita do espectro político. Por outro lado, há inúmeras referências nos
Evangelhos que possibilitam localizar Jesus à esquerda. A título de exemplo,
Jesus se associou com muitas mulheres, numa cultura que as desprezava e as
tratava como seres de quinta categoria. Igualmente tocou em leprosos, coxos e
cegos, que eram identificados como amaldiçoados por Deus. Comeu com publicanos e
pecadores. Era amigo de prostitutas. Orientou seus discípulos a visitarem os
presos, a acolherem os estrangeiros, a cobrirem os nus e a alimentarem os
famintos… Enfim, Jesus se associou aos marginalizados sociais de sua época e
advertiu seus discípulos a fazerem o mesmo. Por essa razão, Jesus é considerado
um revolucionário por muitos adeptos da esquerda. Como figura polissêmica, Jesus
pode ser interpretado de variadas formas, segundo a conveniência de cada grupo.
Porém, por meio duma leitura séria dos Evangelhos, fica muito claro que qualquer
tentativa de encastrá-lo à direita ou à esquerda do espectro político é um
esforço reducionista e superficial. Por força de sua natureza e missão e por
conta de sua limitação histórica, Jesus não era de direita, nem de esquerda. Ele
não cabe em ambas as categorizações. ___ Rodolfo Capler, pesquisador, teólogo e
escritor; e-mail: rodolfo capler@gmail.com /Ins-tagram: @rodolfocapler
Fonte:
https://www.atribunapiracicabana.com.br/category/caldeirao-politico-capiau-de-piracicaba/
quinta-feira, 21 de julho de 2022
Religiosidade Tóxica - Tiago Mattes
Uma série séria, radiografando o problema da "igreja" e apresentando o remédio. Estou postando o primeiro video, quem quiser se aprofundar no tema basta procurar no proprio Youtube ou no site da igreja Red (https://igrejared.com/) e assistir os demais. O objetivo da postagem não é fazer propaganda do pastor que prega a mensagem nem de sua comunidade, o que conheço deles são esta serie de mensagens, uma entrevista com o pastor em um canal e o site da igreja, é isso é insuficiente para fazer "propaganda", então vamos nos ater a mensagem e extrairmos maximo que pudermos dela. Os comentários estão abertos para conversarmos sobre este tema.
sábado, 9 de julho de 2022
domingo, 5 de junho de 2022
Jesus mal pisava na "igreja", no templo ou na sinagoga, e ainda criticav...
Quando a mensagem é edificante, convem compartilhar:
sexta-feira, 27 de maio de 2022
sábado, 21 de maio de 2022
Marcha para "jesus" em Curitiba:
Hoje esta sendo realizado em Curitiba a tal marcha que leva o nome de Jesus. Cada vez mais Jesus é o personagem mais distante do ato, principalmente agora que Jesus o nosso MESSIAS tem um concorrente com o mesmo nome.
Segue-se abaixo,a republicaçaõ de um video de uma manifestação feita em marchas anteriores. Infelizmente este grupo do PR, não realiza mais estas manifestações, um dos lideres do movimento escreveu em seu Twiter:
"Isso sempre nos alegrou e foi motivo de gratidão nas nossas orações. Depois de alguns anos as manifestações deste grupo que participávamos pararam, devido ao aumento do tom violento com que éramos abordados (Crentassos Produções Subversivas
@crentasso.
Uma marcha que leva o nome de Jesus gerando temor de violencia praticada por participantes.
Em São Paulo estamos avaliando se da para irmos pedir a volta do evangelho puro e simples ensinado por Jesus, , afinal já não se trata de um protesto religiosos, a marcha se tornou um evento politico partidario.
sábado, 14 de maio de 2022
A VERDADEIRA MARCHA COM JESUS
b>Não creio que Jesus pretendesse iniciar um movimento que levasse multidões às
avenidas para gritarem Seu nome em coros puxados por trio-elétricos. A genuína
“marcha para Jesus” se dá sem data e hora marcadas, sem showmício para eleger
candidatos evangélicos, sem discurso moralista, sem disputa para desbancar
outras marchas e paradas. A verdadeira “marcha para Jesus” é aquela em que
“levamos sempre por toda a parte o morrer do Senhor Jesus no nosso corpo, para
que a vida de Jesus se manifeste também em nossos corpos” (2 Coríntios 4:10).
Portanto, trata-se de algo discreto, sem alarde, sem chamar a atenção para si
mesmo. Como “sal da terra” devemos ser polvilhados no caldeirão cultural,
realçando o sabor da comida, e não chamando a atenção para nossa presença.
Parece que temos errado na mão. Estamos tornando a comida intragável de tão
salgada. Como “luz do mundo” devemos estar direcionados para fora como
refletores em vez de querer atrair os holofotes para si. Em vez disso,
tornamo-nos massa de manobra de quem almeja fazer de nós capital político para
ser usado em suas negociações por trás dos bastidores. -
Por Hermes C. Fernandes
(via Facebook)
terça-feira, 10 de maio de 2022
domingo, 27 de fevereiro de 2022
RÚSSIA OU UCRÂNIA?
RÚSSIA OU UCRÂNIA?
Leia antes de querer escolher um dos lados - Por Hermes C. Fernandes
Quem diria que um dia Silas Malafaia se pronunciaria em redes sociais para justificar a invasão russa na Ucrânia? Não duvido que só tenha se posicionado após consultar seu mito. Como ele poderia contrariá-lo a esta altura, depois de se comprometer até o pescoço com o seu projeto de poder? Deve ter sido constrangedor ver seu presidente prestando continência ante o túmulo de soldados soviéticos, e vê-lo dizer que o Brasil era solidário à Rússia às vésperas da invasão da Ucrânia. Ainda mais constrangedor deve ter sido ver Bolsonaro vangloriar-se de ter evitado uma possível guerra mundial enquanto estava à bordo do avião que o levava a Moscou.
Tenho a impressão de que bolsonaristas ferrenhos fiquem sempre aguardando o sinal de seu mito para saber a quem devem odiar, ou quem seria o comunista da vez. Fico a me perguntar: será que Bolsonaro seria simpático a Putin se este não fosse um aliado de Trump? E será que Malafaia se posicionaria da mesma maneira se Bolsonaro se pronunciasse a favor da Ucrânia? No mesmo vídeo, o pastor da Assembleia de Deus Vitória em Cristo aproveitou a deixa para desvirtuar o assunto, introduzindo inusitadamente a questão do aborto, acusando de hipocrisia quem se diz contrário à guerra enquanto apoia a morte de milhões de bebês abortados.
Um canal cristão/bolsonarista de humor que atende pelo sugestivo nome de "Hipócritas" aproveitou a guerra para defender o acesso da população às armas, como se isso fosse impedir um conflito bélico ou ao menos proteger a população de uma invasão estrangeira. Ledo engano. Uma paz garantida por armas não passa de uma bomba relógio prestes a explodir. Ou você acha que distribuir armas para a população ucraniana vai coibir o avanço das tropas russas? Não sejamos ingênuos.
Fato é que nunca foi tão difícil se posicionar acerca de uma guerra como agora. Mas quem disse que precisamos torcer por um dos lados? Até quando nos comportaremos como torcida organizada como se tudo não passasse de um espetáculo?
De um lado do ringue, um autocrata megalomaníaco, ex-agente da KGB, que se perpetua no poder à frente da segunda maior potência bélica do mundo. Do outro lado, um comediante que alcançou projeção ao vencer a “dança dos famosos”, e se notabilizou na TV ao interpretar um professor de história que chegava cargo de presidente da república de forma inesperada. O ator decidiu apostar na popularidade do personagem e se candidatou à presidência da Ucrânia, vencendo o segundo turno das eleições com mais de 70 por cento dos votos. Não, ele não é um neonazista como Putin anda espalhando por aí. Aliás, ele é judeu. Seu avô lutou na Segunda Grande Guerra contra o exército nazista. Mas ele também não é um santo. Em um dos esquetes como humorista, Volodymyr Zelensky aparece metralhando os membros do parlamento após uma discussão. Não chegou a fazer isso. Mas tão logo assumiu a presidência da Ucrânia, dissolveu o parlamento.
No meio desta guerra de egos e narrativas está o povo ucraniano. Se parasse aí, talvez ninguém saísse machucado. Tudo se resumiria à troca de farpas, memes e fake news. Mas o ego de Putin não poderia tolerar que bem no seu quintal, um país que foi parte do antigo império soviético, desafiasse seu poderio, filiando-se à OTAN, união dos desafetos da antiga União Soviética.
Quanto malabarismo é necessário para justificar o que está ocorrendo ao povo Ucraniano? Há quem relativize o fato e justifique as pretensões imperialistas da Rússia alegando que os Estados Unidos protagonizaram inúmeras invasões ao longo das últimas décadas. De fato, não há mocinho nesta história. Trata-se de duas potências bélicas disputando a hegemonia mundial. Mas não se pode justificar as atrocidades de uma, apelando às atrocidades de outra. Não há Batman nesta história, nem tampouco comissário Gordon clamando por socorro enquanto projeta a imagem do morcego nas nuvens. Nesta história só encontramos Coringas, Charadas e Pinguins disputando Gotham City.
Às favas com as pretensões imperialistas da Rússia ou dos Estados Unidos! Minha preocupação é com a população ucraniana que está no meio deste fogo cruzado. E mais: preocupar-me com os ucranianos não significa desprezar o sofrimento de outros povos que se encontram em situação semelhante ou até pior.
Infelizmente, nem sempre a mídia dá a devida atenção a conflitos que ocorram em países mais pobres, de modo que as informações que temos são mínimas em comparação às que nos chegam acerca do que ocorre no leste europeu.
Em suma, devemos condenar igualmente toda e qualquer pretensão imperialista, independentemente da ideologia que propague, assim como devemos nos solidarizar com qualquer povo ou nação que seja vítima de tais pretensões, independentemente de questões étnicas, culturais ou econômicas. Que nossa solidariedade não seja seletiva, mas abarque o povo ucraniano tanto quanto o povo da Síria, da Somália e do Iêmen.
O que não podemos é passar procuração para que outros pensem e decidam por nós, fazendo-nos simpatizar com aqueles com os quais compartilhem interesses, e odiar os que se encontram na trincheira oposta.
Para evitar que sejamos manipulados, temos que nos informar, não por memes em grupos de whatsapp, mas através de canais devidamente abalizados, em que se possa ouvir a explanação de historiadores, especialistas em geopolítica e relações internacionais, sociólogos, filósofos, etc. Através deles, você poderá entender as razões do conflito, mesmo que as opiniões sejam enviesadas. Porém, jamais se esqueça que nenhuma razão, por mais plausível que seja, justifica o derramamento de sangue inocente.
Lembre-se, ainda, que a terra plana não dá voltas, ela capota. Inimigos de hoje, serão aliados amanhã. O que dita de que lado estarão são os interesses que estão acima do bem-estar de seus respectivos povos.
FONTE: FACEBOOK Pagina de Hermes C. Fernandes.
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