Os dois senhores
Há alguns dias fui indagado por um amigo do porquê do meu silêncio nas redes sociais, apesar de tudo que está acontecendo. Levei dias para conseguir responder: confesso que estou em estado de angústia por tudo que tenho visto e ouvido.
Estamos vivendo dias históricos, uma mistura de escatologia e apocalíptica aos nossos olhos. A pandemia não é o centro da minha angústia, mas os resultados dela sim. A Covid-19 está prestando um serviço bastante útil ao Brasil: ela está desmascarando os sistemas vigentes, sejam eles político, religioso, econômico, ideológico, social, etc.
Porém, viver tudo isso não é fácil quando vemos ditos “pastores” e ditos “cristãos” renunciando valores perpétuos pela historia do cristianismo, tudo em nome de uma ideologia política. Parece que tudo se resume aos valores puramente monetários, e nisso está todo o foco. Já vivíamos uma crise séria muito antes da pandemia, porém, como disse acima, agora tudo foi potencializado: muitos perderam a identidade cristã e vivem uma fé puramente institucionalizada, ou seja, a igreja brasileira está focada no funcionalismo e na prestação de serviços. Ou seja, não há consciência de “diaconia” e sim uma constância na obrigação de fazer.
Em muitos segmentos, os líderes dizem como fazer e quanto custa para se alcançar os resultados, e o povo paga e executa. Sem referencial bíblico, sem fundamentação teológica ou histórica. E isso vai de um simples conselho familiar à indicação de votos em partidos e políticos. Essa perda de identidade faz com que tudo se torne repetitivo, emocional, supérfluo e sem profundidade. Essa crise revelou o que muitos estudiosos já sabiam: a igreja brasileira vive uma crise existencial, emocional e por isso não amadurece.
Vive como crianças que mamam e por isso não crescem (digo sempre que muitas não querem crescer). Para muitos líderes evangélicos, a igreja precisa estar no poder para poder executar a tarefa da evangelização, e isso não é bíblico. Confesso que cansei, nos últimos 10 anos estive diante de eventos e igrejas, tentando levar consciência ao povo, porém em 2018 parte da igreja brasileira preferiu novamente Barrabás e não Cristo.
Diante disso, tenho preferido ficar no meu refúgio, buscando a Deus em oração, no sentido de que surja uma espiritualidade solidária no meio dos que se dizem cristãos. Uma solidariedade espontânea, vinda da transformação e do arrependimento refletida nas Escrituras Sagradas. Não suporto mais eu tenho isso eu faço aquilo, eu sou aquilo no meio da Igreja, somos muito mais em Cristo. Precisamos falar e refletir sobre os valores verdadeiramente cristãos. Não dá mais para irmos nos cultos aos domingos e na segunda defendermos a violência e o ódio. Se não houver em nós sede e fome de justiça, nossa fé não se fundamenta em Cristo. Se não vivermos o amor podemos até falar a língua dos anjos, porém para nada servirá. Deus não tem funcionários, Ele tem filhos que o servem em amor.
Cansei da igreja puramente institucional, cansei dos profissionais da fé que permanecem na igreja só para usufruir dela. Cansei dos crentes que resumem sua fé e espiritualidade aos domingos de culto. Cansei de crentes que não amam, e vivem a plantar o ódio. Cansei de crentes que não imitam a Cristo em nada, ao contrario só refletem a repugnância dos seus líderes e ministérios.
Simplesmente cansei!!!
Eu creio e quero ir para o céu e se eu não me apartar de tudo isso que estamos vendo e vivendo, não vai ter jeito.
Quero viver uma fé genuína, quero depender de Deus em tudo, eu quero o evangelho puro e simples de Jesus.
Só isso!!!
Pedrasclamam,wordpress
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