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quinta-feira, 23 de abril de 2020

Apoio a Bolsonaro já pesa sobre reputação de evangélicos, diz teólogo






O teólogo e pastor da Igreja Batista de Água Branca (Ibab), em São Paulo, Ed René Kivitz, um dos mais populares religiosos do país, acredita que a associação da fé cristã protestante com o governo Jair Bolsonaro já está pesando sobre a reputação dos evangélicos.
Em entrevista à coluna, o pastor, um dos poucos líderes evangélicos críticos da atual gestão federal e da mistura de religião com política, sustenta que, de acordo com os valores cristãos, a vida humana não pode entrar em conta de custo-benefício, pois a morte que pode ser evitada é inaceitável.
A crítica é direta à postura do presidente no atual contexto da pandemia do coronavírus, quando o político reiteradamente resolveu contrapor-se à ciência e às medidas de combate da doença, como o isolamento social, usando a economia do país como subterfúgio.
Ed René Kivitz destaca que uma pessoa morrer de velhice, ou com uma enfermidade que, apesar dos cuidados da medicina, não foi possível evitar, é lamentável. Já um óbito que poderia ser evitado com cuidados profiláticos e terapêuticos, e se aceita, contabilizando essa morte como o ônus para outros ganhos, contraria o que é o natural do evangelho: ou seja, o acolher, o cuidar do pobre e da viúva, dos desassistidos, dos enfermos. 

“Esse descuido para com a vida humana é incompatível com os valores da fé cristã. Então, uma igreja que dá suporte a essa identidade política se compromete mesmo”, afirma Ed René Kivitz, que faz cultos online para mais de seis mil pessoas durante o período de isolamento social. 
Defensor ferrenho do estado laico, o pastor tem dado palestras pelo país reafirmando o direito dos cristãos de defender seus valores na esfera política, mas não de impô-los à sociedade. 
Na entrevista, o líder religioso fala sobre os riscos que a igreja evangélica brasileira corre ao se associar ao governo Bolsonaro (os evangélicos são hoje uma das suas principais bases de apoio político) no atual momento de crise sanitária, quando o vírus se alastrar pelas camadas mais pobres.
Segundo ele, há um risco duplo. O primeiro é que a comunidade religiosa (os fiéis), em um determinado momento, pode se voltar contra o governo, que a instruiu de maneira inadequada. E o segundo, que mais preocupa o pastor e teólogo, é um conflito de fé como o que ocorreu na Europa pós-guerra, quando as pessoas se perguntavam onde estava Deus enquanto ocorria o holocausto. 

“Porque essas pessoas, elas não estão ignorantes quanto aos riscos do vírus, mas elas estão acreditando que a bênção de Deus sobre elas é suficiente para poupá-las dessa fatalidade, enfim, poupá-las da morte. E aí as pessoas não vão apenas questionar o governo, mas elas vão questionar a própria benção de Deus”, afirma.
Na entrevista, Ed René Kivitz afirma ainda que, no caso do movimento evangélico, o principal dano à imagem tem a ver com reforçar a ideia de que religião e ciência são coisas antagônicas, que não conversam e que se hostilizam mutuamente. “Essa é uma visão muito equivocada da relação religião e ciência, mas fica reforçada num momento como esse”. 
Leia abaixo a primeira parte da entrevista do pastor e teólogo à coluna:
Blog – Os evangélicos hoje são uma das principais bases do presidente, que se apoia contra a ciência, contra aquilo que está sendo feito no mundo inteiro em relação à pandemia. O desgaste político de se aliar não pode pesar às próprias lideranças evangélicas e à igreja em algum momento?

Ed René Kivitz – É, eu acho que vai pesar sim. Na verdade, acho que já está pesando no sentido de comprometer a reputação desse contingente evangélico. À medida em que o governo vai sofrendo avaliação negativa, toda a sua base de apoio sofre também. E no caso do movimento evangélico, o principal dano tem a ver com reforçar a ideia de que religião e ciência são coisas antagônicas, que não conversam e que se hostilizam mutuamente. Essa é uma visão muito equivocada da relação religião e ciência, mas fica reforçada num momento como esse. Reforçar a ideia de que religião é para pessoas ignorantes, que desprezam a importância da educação e do esclarecimento. Já o outro dano eu acho que também é no sentido valorativo, se posso chamar assim, que é associar o evangelho a um governo de índole tão contrária ao respeito à vida humana. Não apenas na questão já sabida das declarações do presidente Bolsonaro quanto à tortura, quanto à violência, toda a ênfase de armamento, de uma ação belicosa, uma cultura bélica e violenta, mas ultimamente também, o desprezo à vida humana, submetendo a vida humana a esse cálculo pragmático de ‘pessoas têm que morrer, paciência, temos que salvar o país e a economia do país… e se as pessoas morrerem, paciência’. Quer dizer, esse descuido para com a vida humana é incompatível com os valores da fé cristã. Então, uma igreja que dá suporte a essa identidade política se compromete mesmo. 
Blog – De que forma, na sua opinião?
Ed René Kivitz – Por exemplo, a vida humana, a morte que pode ser evitada é inaceitável. A gente lamenta a morte quando não foi possível evitar. A gente chama isso de fatalidade. A gente ofereceu todo cuidado disponível, mas não foi possível. Então isso é uma fatalidade e é inerente à finitude humana. Sabe, uma pessoa morrer de velhice, ou com uma enfermidade que, apesar dos cuidados da medicina, não foi possível evitar a morte, a gente lamenta. Mas uma morte que poderia ser evitada com cuidados profiláticos e com cuidados terapêuticos, e a gente aceita e contabiliza essa morte que poderia ser evitada como o ônus para outros ganhos numa a relação de custo-benefício… a vida humana não pode entrar em conta de custo-benefício.
Blog – É possível que a doença avance agora entre as camadas mais pobres, onde estão uma base grande dos evangélicos. Isso não pode revelar ainda mais a contradição desse apoio da igreja ao Bolsonaro? 

Ed René Kivitz  – Acho que tem um risco duplo aí. O primeiro é que a comunidade religiosa, em um determinado momento, vai se voltar contra o governo, que a instruiu de maneira inadequada. Mas o risco maior que eu vejo é o abalo e a crise de fé que isso pode gerar. Porque essas pessoas, elas não estão ignorantes quanto aos riscos do vírus, mas elas estão acreditando que a bênção de Deus sobre elas é suficiente para poupá-las dessa fatalidade, enfim, poupá-las da morte. E aí as pessoas não vão apenas questionar o governo, mas elas vão questionar a própria benção de Deus, o poder de Deus, a existência de Deus. Eu temo que isso gere uma crise de fé muito grande, muito significativa. 

Blog – Qual a dimensão desta crise de fé?
Ed René Kivitz  – Eu acho que pode, pode gerar uma crise de fé, como a que aconteceu na Europa pós-guerra: ‘onde estava Deus enquanto estava acontecendo o holocausto? Onde estava Deus enquanto nossos filhos morriam e os nossos corpos eram empilhados?’. Essa pergunta a respeito do papel e do lugar de Deus no mundo ela vai começar a ser feita com muito mais intensidade, eu acho. 
Blog – Durante mas também no pós-pandemia?

Ed René Kivitz  – Eu acho que sim. O que eu quero dizer é que eu não consigo avaliar qual é o rebote do apoio da comunidade evangélica para com o governo, mas eu temo a ressaca dessa experiência na experiência de fé. É o que me ocupa mais, é o que me preocupa mais.
Blog – Qual será mais fácil de medir?
Ed René Kivitz – Não sei porque a medida do apoio evangélico ao governo vai ser a urna. Tem um critério muito objetivo, mas as crises de fé, e as doenças da alma, e as doenças espirituais ou as sequelas espirituais de uma crise de fé é difícil de você mensurar. Acho que a questão, o desenlace da relação com o governo talvez seja mais fácil de mensurar.


FONTE:   https://veja.abril.com.br/blog/matheus-leitao/ 

sábado, 18 de abril de 2020

O BRASIL DO JEITO QUE O DIABO QUER

Do jeito que o diabo gosta | Renan Nascimento | Flickr
Que tempos curiosos! Os ministros de Estado não são escolhidos/julgados por sua competência, e sim por ideologias. Prova disto é a vergonhosa atuação do atual ministro da educação, um semi-analfabeto piadista e irresponsável.
Os cristãos abandonam convicções milenares em troca de agenda política. Há católicos que desobedecem aquele que é o infalível Vigário de Cristo (segundo seu Catecismo), para obedecer a um presidente. Jejuam num domingo, violam a quarentena (que é apoiada pelo papa), etc.
As igrejas pentecostais conservadoras, que exigem uma série de passos e mandamentos para que alguém seja salvo (não pode beber, não pode ouvir rock, não pode ter crucifixo, não pode falar palavrão, não pode isso, não pode aquilo). consideram o Sr. Presidente um santo, pelo simples fato de apoiar as hierarquias eclesiásticas. Cresci ouvindo histórias de "crentes" que ficaram endemoninhados por chupar balas de Cosme e Damião. Bolsonaro oferece libação a um ídolo hindu, e continua sendo um santo. Porque só ele pode?
Vários cristãos, que até o fim do ano passado choravam e falavam em línguas nos cultos, dizendo que morreriam por Jesus se necessário fosse, agora tremem de medo da crise econômica que poderia resultar da quarentena. Por isso, com a fúria de pitbulls, mordem e esbravejam, dizendo que quarentena é palhaçada, etc. Cadê a coragem dos "soldados de Cristo"? Cadê a "fé de Abraão"?
O consenso científico é rejeitado. Prefere-se confiar em discípulos de astrólogos, correntes de whatsapp, revelações dos "profetas do Senhor" e médicos aleatórios que surgem em programas de tv ligados a igrejas corruptas e heréticas(que estão em conchavo com o atual governo). Igrejas que tentam manipular a verdade, que espoliam o populacho ignorante com promessas de prosperidade ( contanto que os paguem  primeiro, como diz Gilberto Gil) e curas mirabolantes.
Por causas destes senhores, igrejas e até famílias estão se dividindo. Há um clima de ódio nunca antes visto. Estou certo que muitos matariam os próprios amigos e familiares, se o presidente e os pastores-lacaios mandassem...
O erro não é ter determinada visão política. O erro é colocá-la acima da fé, gerando ódio entre irmãos, violando os princípios da caridade e da honra. Qualquer um que  pensa poder instalar a "vontade de Deus" através de uma agenda política, segue um evangelho maldito e carnal. Colocam um segundo deus ao lado do Senhor. Dividem a sua glória. São rebeldes como Coré, mercenários como Balaão, sincréticos como Jeroboão e traidores como Judas. Que Deus se compadeça de nós, idólatras e homicidas.   




por Giovani V Aguiar.

domingo, 12 de abril de 2020

A fé não imuniza


Os líderes evangélicos precisam assimilar a importância da ciência: já se foi o tempo em que ela rivalizava com a religião

Por Ed René Kivitz* - Atualizado em 10 abr 2020, 11h10 - Publicado em 10 abr 2020, 06h00

Sobram profetas anunciando que o coronavírus é uma praga apocalíptica e a Covid-19, um juízo de Deus contra a maneira irresponsável e predatória como a humanidade vive no universo. Há também quem pregou que um grande jejum comunitário e compartilhado nas redes sociais pudesse ser o remédio contra o problema. Antes de entrar nos pormenores de cada questão, é preciso entender historicamente a longa e complicada relação da religião com a ciência. Associar os fenômenos sociais e naturais a causas espirituais e sobrenaturais é próprio de todo sistema religioso. É importante ressaltar que a religião encara o mundo como um mistério que exige explicação e sabe que não é a ciência que pode revelar o que está oculto por trás do aparente. Essa compreensão da religião, entretanto, abre um fosso de distanciamento que coloca a fé e as crenças de um lado e a razão e a ciência no extremo oposto. Um abismo perigoso e que não precisa ser tão profundo.
Em sua obra As Formas Elementares da Vida Religiosa, o sociólogo francês Émile Durkheim esclarece que a religião se ocupa da “ordem de coisas que ultrapassa o alcance de nosso entendimento, o sobrenatural, o mundo do mistério, do incompreensível. A religião seria, portanto, uma espécie de especulação sobre tudo o que escapa à ciência e, de maneira mais geral, ao pensamento claro”.
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Explicar a ordem do universo natural a partir dos mistérios da sobrenaturalidade pode fazer alguma diferença em contexto de baixo desenvolvimento científico. Houve um tempo no qual as rupturas da ordem natural — períodos de seca quando se esperava chuva ou chuvas torrenciais fora do padrão, colheita escassa frustrando a expectativa de fartura, ou ter de lidar com pragas e pestes que destruíam os campos e as sociedades — podiam ser explicadas como ação dos deuses, ou mesmo de Deus, descarregando sua ira sobre o mundo. A mentalidade religiosa perdeu lugar à medida que o conhecimento científico foi domesticando a natureza. Para uma boa safra é melhor se fiar na tecnologia agrícola que no humor dos deuses. Contra pestes e pragas, Albert Sabin (que desenvolveu a vacina contra a poliomielite) e Alexander Fleming (descobridor da penicilina) ajudaram mais que rezas e quebrantos.
A noção de que a religião trata do que escapa à lógica racional e científica e explica aquilo de que a inteligência humana não dá conta sugere outro abismo perigoso — aquele que separa o racional do irracional. O passo seguinte é a condenação da religião como superstição de gente ignorante. Em termos simples, quanto mais ciência, menos religião; quanto mais esclarecimento, menos necessidade de fé; quanto mais iluminado ou ilustrado o mundo, menos supersticioso ele é, em tese.
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Os profetas contemporâneos e os pastores que insistem em negar a voz da ciência em nome da fé prestam, portanto, grande desserviço à sua crença. Comprometidas em resguardar o papel da religião num mundo que o teórico social Max Weber chamou de desencantado, onde Deus é tido como hipótese desnecessária, as lideranças religiosas que pretendem combater o vírus com vigílias, orações e jejuns conseguem apenas reforçar a noção secular de que a experiência religiosa é mesmo para incultos e fanáticos.
“A necropolítica encontra em líderes religiosos de caráter duvidoso, ou mal esclarecidos, sua face mais nefasta”
Pastores que, apesar de todas as recomendações e orientações das autoridades competentes, insistem em manter seus templos abertos e dar continuidade a seus eventos e cultos expressam não apenas ignorância, como também atuam de maneira irresponsável e cruel, expondo seus fiéis e a própria sociedade à disseminação de um vírus que já se provou letal. A necropolítica encontra em líderes religiosos de caráter duvidoso, ou mal esclarecidos, sua face mais nefasta, pois é promovida em nome de Deus, em franca oposição às palavras de Jesus, que dizia: “Eu vim para que tenham vida”.
Paralelo parecido pode ser feito quando o assunto é a convocação para um jejum nacional no Brasil, ideia admirada por uns, rechaçada por tantos outros. Aos que desconhecem o hábito, tal convocação encontra contexto na Israel bíblica, quando um rei, que governava em um Estado teocrático e sob a autoridade religiosa dos sacerdotes, usava o período de abstinência de alimentos e de sacrifícios para apresentar a Deus seu arrependimento, livrando o povo, assim, de seu juízo. Falta a muitos religiosos, porém, um olhar atual sobre hábitos específicos do período registrado no Antigo Testamento da Bíblia. O Brasil não é um Estado teocrático, é um Estado democrático de direito. O Brasil não tem rei sob autoridade religiosa, mas um presidente eleito democraticamente, que governa sob a autoridade do pacto social expresso na Constituição. Como já dito, o flagelo que abate o Brasil e o mundo não é juízo de Deus contra a idolatria de seu povo. No Novo Testamento, o hábito do jejum foi ressignificado por Jesus como um ato de devoção íntima e pessoal, praticado no anonimato, e não com publicações nas redes sociais. Como diz o texto bíblico, o Pai (Deus), ao ver a oração íntima, recompensa aos seus — enquanto quem se vangloria de sua religiosidade busca somente o aplauso de homens. Reforço aqui: o caminho para a superação da pandemia passa pela submissão à autoridade da ciência e pelo rigor na observação das orientações e recomendações dos profissionais da saúde.
A cisão entre fé e ciência reflete mais ignorância que piedade. Atender às recomendações das autoridades governamentais, notadamente aquelas orientadas pelos profissionais da saúde, os especialistas e infectologistas, é uma expressão de sensatez e também uma forma de honrar a Deus. Pois, como bem disse Louis Pasteur, “um pouco de ciência nos afasta de Deus. Muito, nos aproxima”.
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A religião não rivaliza com a ciência: assim como a fé não imuniza, também não existe vacina contra o preconceito, o egoísmo e a crueldade. Se é verdade, e assim creio, que o coronavírus deve ser enfrentado com boa medicina, e a superação da Covid-19 será inclusive uma conquista da ciência, também é verdadeiro que os suplementos de empatia, solidariedade, compaixão e misericórdia, necessários e heroicamente demonstrados por todos aqueles que se expõem ao risco para prover cuidado aos enfermos e vulneráveis, são qualidades que se encontram no coração dos que creem (ou intuem) que a vida descansa nos mistérios e virtudes do espírito humano e do Espírito divino. Assim é a fé saudável: não se fabrica em laboratórios nem se compra em farmácias.

Ed René Kivitz:

* Ed René Kivitz, teólogo, é mestre em ciências da religião e pastor da Igreja Batista de Água Branca, em São Paulo
Publicado em VEJA de 15 de abril de 2020, edição nº 2682

sábado, 4 de abril de 2020

Os dois senhores: Um desabafo de um cristão.

Os dois senhores

Há alguns dias fui indagado por um amigo do porquê do meu silêncio nas redes sociais, apesar de tudo que está acontecendo. Levei dias para conseguir responder: confesso que estou em estado de angústia por tudo que tenho visto e ouvido.
Estamos vivendo dias históricos, uma mistura de escatologia e apocalíptica aos nossos olhos. A pandemia não é o centro da minha angústia, mas os resultados dela sim. A Covid-19 está prestando um serviço bastante útil ao Brasil: ela está desmascarando os sistemas vigentes, sejam eles político, religioso, econômico, ideológico, social, etc.
Porém, viver tudo isso não é fácil quando vemos ditos “pastores” e ditos “cristãos” renunciando valores perpétuos pela historia do cristianismo, tudo em nome de uma ideologia política. Parece que tudo se resume aos valores puramente monetários, e nisso está todo o foco. Já vivíamos uma crise séria muito antes da pandemia, porém, como disse acima, agora tudo foi potencializado: muitos perderam a identidade cristã e vivem uma fé puramente institucionalizada, ou seja, a igreja brasileira está focada no funcionalismo e na prestação de serviços. Ou seja, não há consciência de “diaconia” e sim uma constância na obrigação de fazer.
Em muitos segmentos, os líderes dizem como fazer e quanto custa para se alcançar os resultados, e o povo paga e executa. Sem referencial bíblico, sem fundamentação teológica ou histórica. E isso vai de um simples conselho familiar à indicação de votos em partidos e políticos. Essa perda de identidade faz com que tudo se torne repetitivo, emocional, supérfluo e sem profundidade. Essa crise revelou o que muitos estudiosos já sabiam: a igreja brasileira vive uma crise existencial, emocional e por isso não amadurece.
Vive como crianças que mamam e por isso não crescem (digo sempre que muitas não querem crescer). Para muitos líderes evangélicos, a igreja precisa estar no poder para poder executar a tarefa da evangelização, e isso não é bíblico. Confesso que cansei, nos últimos 10 anos estive diante de eventos e igrejas, tentando levar consciência ao povo, porém em 2018 parte da igreja brasileira preferiu novamente Barrabás e não Cristo.
Diante disso, tenho preferido ficar no meu refúgio, buscando a Deus em oração, no sentido de que surja uma espiritualidade solidária no meio dos que se dizem cristãos. Uma solidariedade espontânea, vinda da transformação e do arrependimento refletida nas Escrituras Sagradas. Não suporto mais eu tenho isso eu faço aquilo, eu sou aquilo no meio da Igreja, somos muito mais em Cristo. Precisamos falar e refletir sobre os valores verdadeiramente cristãos. Não dá mais para irmos nos cultos aos domingos e na segunda defendermos a violência e o ódio. Se não houver em nós sede e fome de justiça, nossa fé não se fundamenta em Cristo. Se não vivermos o amor podemos até falar a língua dos anjos, porém para nada servirá. Deus não tem funcionários, Ele tem filhos que o servem em amor.
Cansei da igreja puramente institucional, cansei dos profissionais da fé que permanecem na igreja só para usufruir dela. Cansei dos crentes que resumem sua fé e espiritualidade aos domingos de culto. Cansei de crentes que não amam, e vivem a plantar o ódio. Cansei de crentes que não imitam a Cristo em nada, ao contrario só refletem a repugnância dos seus líderes e ministérios.
Simplesmente cansei!!!
Eu creio e quero ir para o céu e se eu não me apartar de tudo isso que estamos vendo e vivendo, não vai ter jeito.
Quero viver uma fé genuína, quero depender de Deus em tudo, eu quero o evangelho puro e simples de Jesus.
Só isso!!!
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