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terça-feira, 13 de novembro de 2012

Qualquer semelhança não é mera coincidência



"Toquem a trombeta em Sião, deem o alarme na minha santa montanha! 
Tremam de medo, ó habitantes do país, 
porque vem aí e já está próximo o dia do castigo do Senhor", Joel 2.1.

Tive a oportunidade de ministrar a quarta lição da revista Lições Bíblicas, da CPAD, baseada no livro do profeta Amós, que trata da justiça social como parte da adoração a Deus. O eixo da mensagem profética é a opressão de que foi vítima o povo de Israel, no caso o reino do norte, com capital em Samaria. Tem-se a impressão que o país vivia um período de prosperidade, mas a corrupção se alastrara de tal modo que os menos favorecidos sofriam nas mãos dos que detinham o poder. Os palácios eram mobiliados por meio do roubo, as "socialites" esbanjavam o luxo e exploravam os fracos e os pobres, os juízes mudavam o direito e não julgavam com equidade, a prostituição cultual prevalecia ao custo do penhor pela dívida e a opulência era a característica das festas que promoviam, sem que os poderosos se preocupassem com a desgraça de Israel.

Antes de ministrar, li o livro de Amós em quatro diferentes versões para buscar a clareza do texto. Todavia, o que mais me chamou a atenção não foi a injustiça em si mesma, mas o fato de que todos os sistemas estavam mancomunados para praticar a mesma perversidade, inclusive o sistema religioso. Pareceu-me que os profetas e sacerdotes, além dos nazireus, se sentiam constrangidos (ou eram mesmo coniventes) em cumprir o seu ofício. O silêncio lhes era imposto. Não podiam abrir a boca. Isso se me tornou ainda mais claro, quando Amazias tentou calar Amós. Como parecia não mais haver quem se importasse com a opressão, Deus trouxe lá de Tecoa, que ficava no reino do sul, alguém que jamais passou por qualquer escola de profetas, ou que tenha sido de linhagem sacerdotal, para que a sua voz pudesse ser outra vez ouvida. Era um estranho no ninho. Não tinha diploma na parede. Era simplesmente um "boeiro" pronto a denunciar o erro.

Percebo que qualquer semelhança com os dias de hoje não é mera coincidência.

Não é só nos meios ditos seculares que a opulência predomina em prejuízo dos fracos. A corrupção não grassa apenas nos meios políticos ou toma forma somente na estrutura governamental. Ela é, hoje, um câncer generalizado que invade até os meios cristãos. Fico perplexo pela sanha de poder que tomou de assalto algumas instituições evangélicas, onde o legítimo direito de postular um cargo tornou-se uma disputa sangrenta e distante dos verdadeiros princípios do Cristianismo. Não faz muito tempo, no auge da discussão sobre a viabilidade da Terceira Via na CGADB, recebi um email em que me perguntavam: ¨Vocês têm de cinco a 10 milhões para gastar?" Respondi com outra pergunta: "É isso que vocês gastam?" Não houve a réplica. Não tenho dúvida que as palavras de Amós são contemporâneas sobretudo para os que estamos vivendo esse caos que toma conta de certos círculos denominacionais.

Por outro lado, fico com a garganta entalada, quando olho ao redor e vejo que o evangelho foi mercantilizado para produzir milionários em série à custa do dinheiro suado do trabalhador, que, ingênuo, se submete às barganhas para tentar melhorar de vida. Ninguém há de me convencer que líderes cristãos, pastores ou quaisquer outros que exerçam cargos eclesiásticos devam enriquecer-se à custa da lã das ovelhas. É visceralmente contrário à mensagem do evangelho. Não me refiro ao salário digno, aos duplicados honorários, pelo trabalho prestado. Refiro-me ao fausto, às mansões, à opulência, à vida nababesca arrancados à força do pão dos fracos e oprimidos. Não. Esse não é o evangelho de Cristo.

Há também aqueles que, em nome do evangelho, invadem a seara política em defesa de causas legítimas, com propósitos aparentemente legítimos, mas que, no fundo, são apenas um meio para projetar-se. Na verdade, se conduzem pelas conveniências do momento. Onde as "oportunidades" falarem mais alto serão os primeiros a chegar, não importa se terão de contradizer os próprios princípios que defendem. Lá combatem o candidato que defende as causas gays; aqui não têm pejo em defender outro candidato comprometido até a medula com as mesmas causas. O pior é que não faltam "justificativas" bíblicas. Por fim, passada a pugna eleitoral, ainda têm coragem de afirmar: "Afinal, ganhamos prestígio e espaço público". Ou seja, o que queriam era isso mesmo e não fincar as estacas do Reino de Deus. Conveniências. Nada mais do que conveniências.

Assim como na época de Amós havia o remanescente, hoje temo-lo também. Não sou pessimista a ponto de achar que estamos perdidos. Mas não devo excusar-me de afirmar que o juízo de Deus pode tardar, aos nossos olhos, mas ele não terá por inocentes os que transformam a sua casa em balcão de negócios, os que trucidam as ovelhas para lhes roubar a lã, os que mandam os princípios do evangelho às favas só para se locupletar com os manjares do rei.

Se a profecia de Amós é um retrato fidedigno do mundo evangélico contemporâneo, por outro é também a alegre esperança de que Deus é capaz de tirar alguém lá de trás do gado para tocar a trombeta em Sião, quando aqueles que deveriam alçar a sua voz se calam.


                                                
http://geremiasdocouto.blogspot.com.br/

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