terça-feira, 21 de setembro de 2010
Porque o $how tem que parar
Porque o $how tem que parar
Por Matheus Soares
Nesses quase 2000 anos de cristianismo passamos por diversos altos e baixos. Experimentamos o florescer de uma igreja sadia, que crescia exponencialmente no meio da perseguição, onde muitos foram martirizados pela causa mantendo-se fiéis até o fim. Seu mote era a esperança do encontro com Cristo no grande Dia, nada podia detê-los, nem espada, nem escassez, nem angústia e nem medo, eles lutavam como quem nada tinha a perder nesta vida, seu triunfo era conquistar a vida eterna. Homens, como o autor de Hebreus diz, dos quais o mundo não era digno, eles nada tinham a ver com os negócios e negociatas desse mundo, nada tinham a ver com o poder político vigente.
Pudemos ver grandes avivamentos na história, sempre orquestrados e guiados pelo Cabeça da Igreja, Jesus Cristo. Homens piedosos, que não se desviavam da sua missão de ser sal e luz dessa terra insípida e envolta em trevas. Desde os apóstolos, seus discípulos, os pais da igreja, os pré-reformadores, os reformadores, os avivados, aqueles do coração aquecido. Uma infinidade de homens que durante a história fizeram a diferença.
Porém de tempos em tempos enfrentamos um grave esfriamento da igreja, como por exemplo quando os cristãos decidem criar uma pequena comunidade em Jerusalém e só são dispersos pela grande perseguição, ou quando o império romano adota o cristianismo como religião, cessando a perseguição, criando um período de graves desvios doutrinários culminando no surgimento nos reformadores, e após muita luta conseguem se desvencilhar das falsas doutrinas, porém, mais tarde os países europeus passam a adotar o protestantismo como religião oficial causando assim um novo esfriamento.
No século passado tivemos grandes avivamentos, da rua Azuza aos movimentos de santidade, os esforços evangelísticos, a quebra de paradigma dos países católicos. Mas hoje passamos por um novo período de esfriamento. Nunca houveram tantos shows, tantos pregadores e tantas festas religiosas, mas também nunca houve tantas heresias infiltradas em nosso meio, e é por isso que dizemos que o show tem que parar. E o que está errado?
1. A igreja contaminou-se pela cultura do consumo
Essa cultura fortemente ligada ao capitalismo cada vez mais crescente no mundo todo tem influenciado determinantemente o cristianismo. Todas as coisas relacionadas a fé cristã são pensadas hoje para que o conforto dos seus seguidores seja maximizado. Desde catedrais monstruosas, mais luxuosas que shopping centers, até eventos que procuram entreter toda a família. Vivemos um grande comércio de tudo que é relacionado a igreja, são avalanches de músicas, cantores, shows, eventos, feiras, roupas, livros, filmes e o pior, com preços fora da realidade e qualidade mais do que questionável.
2. A igreja não sofre mais perseguições
Isso não deveria ser um problema, mas como citei anteriormente, a falta de perseguição faz a igreja acomodar-se e embora muitos digam hoje que somos vítimas de perseguição religiosa, estamos muito longe disso. Temos liberdade em dizer que somos evangélicos, temos liberdade para pregar para qualquer pessoa, porém não usamos essa liberdade para de fato propagarmos o evangelho, talvez por vergonha ou timidez, talvez por falta de interesse, talvez porque é mais cômodo deixar isso na mão daqueles que tem ‘chamado’ para isso – pastores, missionários, evangelistas, etc. Fato é que quanto menos perseguição, mais acomodados nos sentimos. Os shows servem para desviar nossa atenção do que realmente é importante.
3. A igreja é tão grande no Brasil, mas não causa impacto social
Os grandes avivamentos foram marcados por profundas transformações sociais nas comunidades que faziam parte, temos notícias de cidades e até mesmo países inteiros em que o nível de criminalidade baixou, centros de bebedeira e prosituição sendo fechados, pessoas se convertendo ao Evangelho nas ruas, a educação se proliferando, o conhecimento sendo expandido. Porém o que vemos na sociedade brasileira é que o número de evangélicos cresce largamente, porém o número de escândalos financeiros e políticos também. Grandes líderes cristãos sendo seduzidos pelo poder e pelo dinheiro, casos de abuso sexual e diversos tipos de crimes surgindo no seio das instituições religiosas. Níveis cada vez mais altos de iniquidade no meio do povo. Enquanto o show continua as pessoas esquecem da sua verdadeira vocação como cristãos, ser testemunha de Deus nessa terra.
4. A igreja está infestada de falsos mestres
A cada dia que passa surgem novos falsos mestres na igreja evangélica, gente capaz de vender lenços com seu suor e até aqueles que vendem unções financeiras. São tantas as heresias e interpretações equivocadas que fica a cada dia mais difícil apontar líderes realmente comprometidos com a Palavra de Deus e não com seus mega-impérios. Os meios de comunicação foram inundados por esse tipo de pregação triunfalista, de uma fé unicamente utilitária e de um deus que existe apenas para satisfazer nossos prazeres. Macumbaria evangélica sendo praticada com rituais cheios de misticismo e distanciados do verdadeiro poder de Deus. Músicos e cantores que abusam do mercado gospel, fazendo músicas que basicamente são feitas para vender milhares de cópias, dizendo que são consagradas a Deus, mas seu verdadeiro deus é mamom. Se o show não parar muita gente ainda vai abusar do nome de Deus para ficar rico.
5. A igreja é usada para fins políticos
Não são poucas as igrejas que exploram a ignorância de seus fiéis, transformando seus púlpitos em palanques, amedrontando o povo com histórias falsas e absurdas que os levem a votar em seus candidatos. Aqueles mesmo que oram ao receber uma propina, os que levam dinheiro ilegalmente no meio de bíblias, que votam a favor de projetos apenas quando estes são de acordo com seus interesses particulares e/ou partidários. Enquanto estamos entretidos pelo show não conseguimos distinguir consciência política de compra de voto.
Voltemos ao evangelho puro e simples! O show tem que parar!
Fonte: Blog Entendes?
Via; Blog estrangeira
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