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quarta-feira, 8 de outubro de 2025

Quais eram as preferências políticas de Jesus?

 

Em uma análise das passagens do Evangelho se analisa a posição política de Jesus



Jesus foi acusado perante a autoridade romana de ter promovido uma revolta política (cf. Lc 23, 2). Na medida que deliberavam, o procurador Pilatos recebeu pressão para condená-lo à morte pelo seguinte motivo: "Se o soltas não és amigo do César! Todo aquele que se faz rei é inimigo do César!" (Jo 19, 12). Este é o motivo pelo qual no titulus crucis, onde estava indicado o motivo da condenação, estava escrito: "Jesus Nazareno, rei dos judeus".

Seus acusadores usaram como desculpa a pregação que Jesus realizara sobre o Reino de Deus: um reino de justiça, amor e paz, para apresentá-lo como um adversário político que poderia trazer problemas para Roma.

Mas Jesus não participou diretamente da política nem apoiou nenhum dos grupos ou tendências nas quais concentravam-se as opiniões e a ação política das pessoas que naqueles tempos viviam na Galileia ou Judeia.

Isto não significa que Jesus estivesse alheio a tudo o que era de relevo na vida social do seu tempo. De fato, sua dedicação aos pobres e os necessitados não passou inadvertida. Pregou a justiça e, sobretudo o amor ao próximo sem nenhum tipo de distinção.

Quando entrou em Jerusalém para participar na festa da Páscoa, a multidão aclamou gritando: "Hosana ó Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! ¡Hosana nas alturas!" (Mt 21,9).

Mas Jesus não respondia às expectativas políticas que o povo imaginava que teria o Messias: não era um líder guerreiro que tinha vindo para mudar com o uso das armas a situação em que se encontravam. Nem era uma mudança revolucionária que levasse ao levantamento contra o poder romano.

O messianismo de Jesus somente é compreendido à luz dos cânticos do Servo que sofre, profetizado por Isaías (Is 52,13-53,12); que se oferece à morte para a redenção de muitos. Foi assim que o compreenderam os primeiros cristãos ao refletir levados pelo Espírito Santo sobre o que aconteceu: "Cristo sofreu por vós, deixando-vos o exemplo a fim que sigais seus passos: ele não cometeu nenhum pecado, mentira nenhuma foi achada na sua boca; quando injuriado, não revidava; ao sofrer, não ameaçava, antes, punha a sua causa nas mãos daquele que julga com justiça. Sobre o madeiro levou os nossos pecados em seu próprio corpo, a fim de que mortos para os nossos pecados, vivêssemos para a justiça. Por suas feridas fostes curados, pois estáveis desgarrados como ovelhas, mas agora retornastes ao Pastor e guarda de vossas almas" (1 Pe 2,21-25).

Em algumas das biografias recentes de Jesus destacam, ao considerar sua atitude perante a política do momento, a variedade que existiu entre os homens que escolheu para serem seus Apóstolos. Costuma-se citar a Simão, chamado Zelote (cfr. Lc 6,15), que como indica seu apelido, deveria ser um nacionalista radical, empenhado na luta pela independência do povo frente aos romanos. Sobre Judas Iscariote, alguns especialistas das línguas da área afirmam que seu apelido iskariot seria a popular transcrição grega da palavra latina sicarius e ficou historicamente conhecido como simpatizante do grupo mais extremista e violento do nacionalismo judeu. Mateus trabalhava como coletor de impostos para a autoridade romana, "publicano", ou o que naquela época entendia-se como colaboracionista com o regime político. Outros nomes, como Filipe, definiam sua origem do mundo helenístico muito presente na Galileia.

Esses dados podem ter alguns detalhes discutíveis ou associar algum destes homens com posturas políticas que somente tomaram força depois de algumas décadas, mas assim mesmo são representativas do grupo dos Doze onde havia pessoas muito variadas, cada um deles com suas próprias opiniões e posição, que foram chamados a uma tarefa, a própria de Jesus, que transcendia sua filiação política e condição social.

BIBLIOGRAFIA

CASCIARO, José María. Jesucristo y la sociedad política (Palabra, Madrid, 1973) pp. 56-59.

GNILKA, J. Jesús de Nazaret, Herder, Barcelona 1993.

PUIG, A. Jesús. Una biografía, Destino, Barcelona 2005.

VARO, Francisco. Rabí Jesús de Nazaret, BAC, Madrid, 2005.


FONTE:    opusdei:   https://opusdei.org/pt-br/article/quais-eram-as-preferencias-politicas-de-jesus/


sexta-feira, 12 de setembro de 2025

LÍDERES EVANGÉLICOS E O ÓDIO POLÍTICO-PARTIDÁRIO



As reações foram diversas com o homicídio do ativista de direita Charlie Kirk. O que não surpreendeu foram algumas publicações de pastores e evangélicos sobre o ocorrido que, antes de qualquer investigação, prontamente declararam ser “coisa da esquerda”. Alimentando, mais uma vez, o ódio político-partidário entre os evangélicos. Vi um pastor, sugerindo que as igrejas deveriam “expulsar” todos que, de alguma forma, compartilham algum ponto de vista da esquerda.
Isso já aconteceu, em 2018 e 2022 quando membros foram expulsos de suas igrejas por optar por um candidato.
Antes do lamentável assassinato de Kirk, os EUA, só neste ano, acompanharam o assassinato da presidente da Câmara de Representantes de Minnesota, Melissa Hortman e seu marido. Eles eram democratas. Ainda este ano, o senador John Hoffman, também do partido Democrata, ficou ferido em um ataque a tiros.
Esses casos demonstram que os EUA caminham para uma “guerra civil” envolvendo partidos políticos e a disputa narrativa por pautas de ambos os partidos, Democrata e Republicano.
O Brasil não está muito diferente nesse cenário, assim como outros lugares do mundo.
O ex-policial penal Jorge Guaranho foi condenado a 20 anos de prisão por homicídio duplamente qualificado pela morte de Marcelo Arruda, em Foz do Iguaçu/PR. Ele assassinou Marcelo na sua festa de aniversário porque não gostou do tema da festa dele, que homenageava o Partido dos Trabalhadores.
Não é possível esquecer que um policial militar em Goiânia baleou um "irmão" durante o culto por causa de uma divergência política.
Recentemente, um homem foi internado no Distrito Federal por se envolver em uma briga dentro de uma igreja porque um deles, Edivan, pediu para interceder (orar) pela Palestina. Bastou isso para que outro homem o agredisse dentro do templo.
O deputado estadual e pastor Alcides Fernandes (PL-CE), pai do deputado federal André Fernandes (PL-CE), afirmou que não adiantava muito orar pela morte do presidente Lula. Afirmou: “Já orei foi muito, não dá certo”.
Quando a igreja e seus pastores selecionam casos que envolve ódio e violência tendo a política como combustível, está, na verdade, desconsiderando o Evangelho de Jesus e o papel da igreja em uma sociedade permeada por violências.
A igreja trabalha para cessar as hostilidades. A igreja segue aquilo que Jesus deixou no Sermão do Monte: “Bem-aventurados os pacificadores, pois serão chamados filhos de Deus” (Mateus 5,9).
A igreja tem no seu horizonte de atuação o ministério da reconciliação, como diria o apóstolo Paulo em 2Coríntios 5,18.
A igreja não se alimenta do ódio, do poder, da ganância, do ressentimento, do acúmulo, da vingança. Antes, é a comunidade que demonstra para o mundo a possibilidade de viver o projeto de Deus com a perspectiva do Evangelho que não tem qualquer parâmetro com nenhuma opção partidária.
Quando líderes evangélicos, embebidos por uma preferência ideológico-partidária, usam o púlpito e suas redes sociais para acusar e desqualificar pessoas, destilar ódio contra quem tem opção partidária distinta, está alimentando a violência. E com isso, está também declarando que não conhece o Evangelho do Pacificador e Reconciliador, Jesus de Nazaré!




FONTE:
(Pagina do facebook: https://www.facebook.com/alonso3134 )

MISP NAS RUAS - EXPO CRISTÃ 2025 - ENTREVISTA POLÍTICOS E CELEBRIDADES E...

Mistura de Evangelho com ideologias politicas? Mercantilização da fé? Agendas globais e igreja? Caminhos que Jesus não trilhou nem ensinou.  Fica ai a participação do Movimento Igreja sem Politica entrevistando politicos e celebridades "cristãs"  para refletirmos. 

 

 NOTA: O movimento Igreja sem politica não tem nenum envolvimento com o MEEB ( Movimento pela ética evangelica brasileira), mas tem um trabalho importante de denuncia,  neste momento vivido pela chamada igreja evangélica. por isso acha interessante a divulgação.




sexta-feira, 20 de junho de 2025

MISP NAS RUAS - MARCHA PARA JESUS 2025- MANIFESTAÇÃO E ENTREVISTA COM PA...

Ontem na tal marcha para "Jesus (Jesus????) o Movimento Igreja sem Politica (MISP) esteve lá se manifestando atraves de faixas e folhetos e entrevistando participantes da marcha. Não conheço o movimento a fundo, apenas acompanhei, via videos , algumas manifestações feita por eles (inclusive já postei aqui) mas concordo com a manifestação  e com o questionamento da mistura da fé com polica, de Jesus com o Estado. Vendo as entrevistas bate uma tristeza ao ver o nivel da fé de muitos e a facilidade com que são manipulados. Triste ver o nome de Jesus ( que inclusive da nome a marcha) sendo usado para interesses pessoais pessoais e financeiros de lideres e organizações, e pior,  atrelado a barganhas e interesses politicos. Deixo aqui meu apoio ao MISP pelo trabalho denunciando esta mistura.

  "Voltemos ao Evangelho Puro e Simples, 
      a Politica na igreja tem que parar".

Fonte: FACEBOOK  IGREJA SEM POLITICA:
(https://www.youtube.com/watch?v=_gyO59rBM-0&t=2309s)


Para conhecer melhor o movimento
 ACESSE O SITE E INSCREVA-SE
IGREJASEMPOLITICA.ORG









MARCHA PARA JESUS? Sério?



 Jesus jamais idealizou um cortejo triunfal em Seu nome, puxado por trios elétricos, nem uma multidão manipulada por interesses políticos e religiosos.

A verdadeira marcha com Jesus não precisa de palco, nem de palanque. Não se veste de moralismo nem se vende como produto de mercado.
Este ano, o que vimos em São Paulo foi um desfile de símbolos e contradições: o governador Tarcísio de Freitas subindo ao trio elétrico envolto numa bandeira de Israel, enquanto vendedores comercializavam o mesmo estandarte a R$100,00.
De Jesus, quase nada.
Muito de César.
Demais de Mamon.
Transformaram a marcha em vitrine eleitoral, em balcão de barganhas religiosas e em palanque ideológico. Trocaram o evangelho da cruz pela estética do poder. Confundiram apoio a Israel com fidelidade ao Reino de Deus.
Mas a verdadeira marcha com Jesus é feita fora dos holofotes.
É quando “levamos em nosso corpo o morrer de Cristo, para que a Sua vida se manifeste em nós” (2 Coríntios 4:10).
É quando servimos em silêncio, amamos sem holofotes e carregamos a cruz, não como adereço, mas como caminho.
Ser sal da terra é temperar, não salgar demais.
Ser luz do mundo é iluminar, não deslumbrar.
Jesus não nos convocou para dominar as avenidas, mas para transformar as esquinas esquecidas.
Não nos chamou para levantar bandeiras políticas, mas para encarnar o amor.
Enquanto marchamos para o palco, Ele ainda caminha entre os invisíveis.
Enquanto vendemos símbolos, Ele oferece graça de graça.
Enquanto nos aliamos ao poder, Ele segue lavando pés.





terça-feira, 15 de abril de 2025

LEGENDÁRIOS: NÃO RECOMENDO




Os ventos de doutrinas sopram a todo vapor e a necessidade de parte da igreja (por total analfabetismo biblico) levam movimentos como este ao sucesso. O encontro do G-12 era tremendo, mas esta fora de moda,  agora a novidade gospel da vez é o tal "Legendário" e não estou falando do Mion. Confesso que ouvi sobre o movimento a pouco tempo, mas já deu para perceber a força com que se alastra nos arraiais evangélicos.  Perfeita as colocações do teólogo Victor Fontana, ele consegue avaliar o movimento de foram bíblica, didática e ponderada, eu não teria esta ponderação toda e poderia parecer agressivo, o que não convém, então fica o video do Victor, se gostou vai lá na página dele e de sua curtida, se gosta de teologia séria, se inscreva lá.



sexta-feira, 27 de setembro de 2024

sábado, 1 de junho de 2024

quinta-feira, 30 de maio de 2024

quarta-feira, 22 de maio de 2024

MOVIMENTO IGREJA SEM POLÍTICA NAS RUAS - 26.11.23

Conheço muito pouco deste movimento "Igreja sem politica" e seus idealizadores, mas não tem como discordar que igreja não deve se envolver com politica. Cristãos como cidadãos podem e devem exercer sua cidadania e defender suas ideias inclusive no que diz respeito ao estado, mas atrelar isso a igreja e usar o nome de Jesus para isso é heresia. Como dizia o sábio "uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa". Naõ podemos levar a politica para a igreja e nem a igreja para a politica. Segue-se um video do movimento em uma das manifestações idealizadas por lideres evangélicos que misturam seus interesse politicos com a igreja. Observem a mitureba que o povo faz com temas politica, liberdade, igreja e ensinos de Jesus... Fonte YOUTUBE: https://www.youtube.com/watch?v=mqUvTNEiHhE

terça-feira, 9 de abril de 2024

Ninguém é só 'evangélico': quem instrumentaliza a fé para fazer política só ganha com essa simplificação

Ninguém é só 'evangélico': quem instrumentaliza a fé para fazer política só ganha com essa simplificação Pesquisas também devem considerar raça, renda e gênero. A simplificação oculta o papel das igrejas evangélicas históricas no alinhamento à extrema direita. Lívia Reis Magali Cunha Lívia Reis e Magali Cunha 27 de mar de 2024, 07h07
São Paulo, SP - 19.10.2022. Lula se reúne com evangélicos. (Foto Marlene Bergamo/Folhapress) Lula se reúne com evangélicos na. campanha de 2022. NO COMEÇO de março, jornais de todo o país repetiram a mesma notícia: a queda da popularidade do presidente Lula entre evangélicos. Quais evangélicos? Desde os anos 2010, quando as chamadas “pautas morais” ganharam mais centralidade nas campanhas eleitorais, os institutos de pesquisa passaram a enfatizar os dados de votação por religião. O tema também passou a ser considerado uma variável importante nas pesquisas de avaliação do governo federal. Só que, no que se tornou prática no jornalismo e entre analistas do contexto sociopolítico, parece que apenas dois grandes blocos importam no tema “religião” no país: o dos “católicos”, religiosidade diversa e múltipla, e o dos “evangélicos”. Essa última inclui uma vasta gama de cristãos não identificados com o catolicismo – que, até bem pouco tempo atrás, era considerado a religião natural dos brasileiros, inclusive dos não religiosos, como no caso do católico não praticante. A noção de “evangélicos” nasce, portanto, como uma categoria de diferenciação ao catolicismo então dominante. Já o interesse público pelo segmento cresceu na mesma medida em que ele passou a ocupar espaços de destaque além da política, no qual já atuava desde os anos 1980, mas também na cultura, educação, assistência social e mercado de bens e serviços. Assine nossa newsletter gratuita Conteúdo exclusivo. Direto na sua caixa de entrada Aceito receber e-mails e concordo com a Política de Privacidade e os Termos de Uso. Insira seu e-mail Assim, embaixo desse grande guarda-chuva chamado genericamente de “os evangélicos”, foram incluídas, de forma homogeneizante, diversas denominações e diferentes modos de se viver. Pesquisadores da religião, vinculados às ciências humanas e sociais, vêm, há muito tempo, apontando para a necessidade de se considerar “os evangélicos” como um bloco múltiplo e heterogêneo, composto por pessoas de diferentes denominações, que seguem teologias e práticas completamente distintas. O IBGE já diferenciava, no Censo de 2000, igrejas evangélicas de missão, pentecostais e outras evangélicas. Em 2010, incluiu a categoria “evangélica não-determinada”, levando em conta fiéis que não são vinculados formalmente a uma igreja. Mas as diferenças estão além das instituições. O modo de ser protestante, por exemplo, é ancorado no princípio da livre interpretação da Bíblia – o chamado denominacionalismo. Isto proporcionou um mosaico de grupos e tendências atrelados ao agrupamento identitário que se convencionou chamar “evangélicos”. Hoje, diversas expressões da religiosidade evangélica estão espalhadas Brasil afora, apesar do destaque para as de matriz pentecostal. Várias igrejas são marcadas por homogeneizações estéticas, rituais e discursivas, promovidas especialmente pela explosão da ocupação evangélica nas mídias. É o caso, por exemplo, de gigantes como a Igreja Universal do Reino de Deus, algumas vertentes da Assembleia de Deus, Renascer em Cristo e Sara a Nossa Terra, entre outras pentecostais, uma diversidade de grupos da corrente batista, denominações independentes criadas a partir de divisões internas de igrejas históricas ou pentecostais, para ficar em alguns exemplos. Outras se configuram por vivências e práticas relacionadas com a ocupação geográfica dos grupos, sobretudo em territórios periféricos, e nem sempre se vinculam a grandes igrejas. Isso sem contar os evangélicos que não frequentam igrejas específicas, mas que vivem sua fé de outras formas, isto é, assistindo pregações e orações das rádios ao YouTube, passando pela televisão e Instagram. É necessário considerar a religião como um marcador social da diferença, como raça, classe, gênero. Não por acaso, do sul ao norte do Brasil há evangélicos que votaram em Lula, por exemplo, e eles estão localizados majoritariamente nos extratos mais negros e pobres da população. Também são esses que costumam avaliar mais positivamente o atual governo, sobretudo quando levamos em conta a dimensão de gênero. E isso não nos impede de reconhecer que, sim, o segmento evangélico avalia, sim, o governo Lula de forma mais negativa. Mas será que a religião explica tudo? Para responder a essa pergunta de forma séria, é necessário – agora, mais do que nunca – considerar a religião como um marcador social da diferença, como raça, classe, gênero e tantos outros que ajudam a organizar e explicar a vida social. E este é um ponto que não pode mais ser ignorado em nossas análises. No Brasil, ter uma religião não é trivial. Ela ajuda a organizar redes de relação, as dinâmicas territoriais de violência, as relações de gênero e as relações raciais, para citar apenas alguns exemplos. Essa realidade, vale dizer, faz com que pessoas diferentes, de origens e experiências diferentes, tenham experiências distintas a partir de sua religiosidade evangélica. Por que, então, análises não investem no cruzamento dos dados sobre religião com outros que compõem o universo religioso, como gênero, renda e raça? Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Ninguém se autodenomina ‘neopentecostal’ O isolamento da variável religião para pensar a vida social também tem gerado uma segunda confusão muito comum. A referência aos termos “neopentecostal” e “neopentecostalismo”, não raramente associados à uma Teologia do Domínio, para se referir, de forma muito genérica, a igrejas que apoiam posições fundamentalistas e extremistas, é um forte exemplo disso. Neopentecostalismo é uma categoria sociológica, cunhada nos anos 1990 pelo sociólogo Ricardo Mariano, para designar um segmento do movimento pentecostal que, naquele momento histórico, se diferenciava dos anteriores – os denominados clássicos ou históricos por alguns pesquisadores. Há evangélicos que votaram em Lula. Eles estão localizados majoritariamente nos extratos mais negros e pobres da população. Entre as características do “novo pentecostalismo” estavam a ocupação intensa das mídias e a assimilação da cultura midiática em rituais e discursos, ancorados em teologias como a da prosperidade e da guerra espiritual, e a centralidade das práticas de cura e de exorcismo. A Igreja Universal do Reino de Deus, por exemplo, era a maior representante dessa categoria. Na prática, entretanto, os membros de denominações evangélicas não atribuem sentido e não reconhecem essas categorias sociológicas. Ninguém se autodenomina “neopentecostal”. O termo acaba sendo usado apenas de forma pejorativa por aqueles que querem simplificar o debate e enquadrar membros de igrejas – que têm gênero, classe e raça –, e lideranças religiosas – que também têm gênero, raça e classe – em explicações convincentes e conspiratórias de situações que não conseguem (ou não se esforçam por) compreender. Simplificação oculta o papel de outras igrejas evangélicas no alinhamento à extrema direita Passados quase 50 anos do surgimento das igrejas classificadas como neopentecostais, o campo religioso mudou. É comum que muitas das práticas inicialmente atribuídas às igrejas neopentecostais tenham se disseminado, sido incorporadas ou até mesmo ressignificadas por outras igrejas e grupos religiosos. Principalmente aquelas avaliadas como produtoras de resultados positivos – como ocupação de mídias, a participação na política institucional, ampliação do número de membros, aumento de arrecadação financeira e de patrimônio, por exemplo – , que movimentam poder político em espaços públicos institucionais. Essa simplificação do debate – ou seja, considerar apenas os dados sobre religião ou atribuir ao neopentecostalismo a maior adesão da população a pautas conservadoras – ajuda a ocultar o papel das igrejas evangélicas históricas no atual alinhamento à extrema direita. Alinhamento, vale dizer, que também ocorreu na ditadura militar. Da mesma forma, oculta também o papel de segmentos católicos que continuam fomentando posições extremistas nas igrejas, nas ações de assistência, nas escolas, nas universidades e em suas mídias – dos canais de televisão aos perfis em redes sociais. Além disso, as tentativas de construção dessa imagem de um Brasil univocamente cristão serve a grandes lideranças midiáticas e políticas dispostas a impor a minorias políticas suas moralidades cristãs seletivas e suas ideologias intolerantes e segregativas. Enquanto isso, na mídia, o imaginário construído nas últimas três décadas em torno de uma ideia unificante – “os evangélicos” – é uma criação que reflete tentativas de compreensão de uma expressão de fé que até outro dia era desconhecida e considerada irrelevante – apesar de estar no país há mais de 100 anos. É preciso qualificar os números. É urgente e necessário reconhecer que tal homogeneização não só não reflete a realidade, como é nociva ao debate público. Como indicamos aqui, ninguém é “evangélico” igual. Ninguém é só “evangélico”. É por isso que pesquisadores e analistas responsáveis hoje falam em pentecostalismos, no plural, para enfatizar um movimento religioso marcado por múltiplas vivências e teologias. Institutos de pesquisa e analistas precisam levar em conta essa realidade e fazer cruzamentos com marcadores sociais como raça, gênero e renda, para qualificar os dados sobre religião. Esta prática ocorre nos Estados Unidos, por exemplo, e aprofunda os debates de temas de interesse público. Diversas pesquisas acadêmicas nas Ciências Humanas e Sociais também chamam atenção para as diferenças de comportamento de um ou outro segmento religioso quando se leva em conta outras variáveis. Nas análises dos dados sobre religião na cena pública, é preciso qualificar os números. Caso contrário, as pesquisas e os usos que se fazem dela desviarão o caminho da reflexão. E quem instrumentaliza a fé para fazer política só ganha com esse desvio. FONTE: Intercept Brasil https://www.intercept.com.br/2024/03/27/ninguem-e-so-evangelico-quem-instrumentaliza-a-fe-para-fazer-politica-so-ganha-com-essa-simplificacao/?fbclid=IwAR3MKIaqc5RFxfHfRwAUVK59wfb3gsaGhLNsDGPjnNbwP08893XUHCZBWqA_aem_AfaH1UpWdhFyifDNAY8JRapu6PG1KvCLI1r18zbP7J3tIpPyaSIGZ8YfdXQbPEDtnYZvaZZu3fIA8lSNfJDSEos5

segunda-feira, 18 de março de 2024

Como o Brasil destruiu a Marcha para Jesus

O texto é de 2022, mas é valido para os anos anteriores e posteriores, incluisive para a proxima marcha... Sem entrar no mérito se Jesus endossaria uma Marcha em seu Nome como a criada originalmente vamos nos ater ao evento brasileiro. Como o Brasil destruiu a Marcha para Jesus José Brissos-Lino | 21 Set 2022
O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, durante a 27ª edição da Marcha para Jesus, em São Paulo, em 2019: uma iniciativa transformada em comício político. Foto © Isac Nóbrega/PR do Brasil. Afastada do espírito original, a Marcha para Jesus no Brasil transformou-se em palanque para disputa política, para atacar adversários e para promoção pessoal. Portanto, reduziu-se agora a uma marcha sem Jesus uma vez que Ele não é cabo eleitoral de ninguém. O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, durante a 27ª edição da Marcha para Jesus, em São Paulo, em 2019. Foto © Isac Nóbrega/PR do Brasil. O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, durante a 27ª edição da Marcha para Jesus, em São Paulo, em 2019: uma iniciativa transformada em comício político. Foto © Isac Nóbrega/PR do Brasil. A primeira edição da Marcha para Jesus é inglesa, data de 1987 em Londres e partiu de um grupo de três líderes de igrejas ou movimentos cristãos e um artista do meio chamado Graham Kendrick. Nos anos oitenta Kendrick estava no auge da sua popularidade nos meios protestantes e evangélicos anglo-saxónicos e mais além. As igrejas cantavam as suas composições na liturgia do culto um pouco por todo o mundo, de modo que ele escreveu uma série de canções apropriadas para a expressão externa da igreja. Os organizadores previram que essa edição inaugural da Marcha juntasse cinco mil pessoas e surpreenderam-se ao ver que os números ascenderam ao triplo. Três anos depois o evento estava institucionalizado e já se realizava em meia centena de cidades em todo o Reino Unido, incluindo Belfast (Irlanda do Norte), onde seis mil católicos e protestantes se juntaram. No início dos anos noventa a Marcha já se realizava em centenas de cidades de duzentos países juntando milhões de pessoas em todos os continentes. Em 2009, o então Presidente Lula da Silva fez integrar a Marcha no calendário oficial do Brasil através de lei federal, definindo-a como Bem Imaterial e Cultural da Nação Brasileira e autorizando expressamente a “destinação de recursos públicos das esferas Municipal, Estadual, Distrital e Federal para apoio na realização do evento”. Este evento foi criado com a ideia de ser um momento único para vivenciar a vida cristã na rua, fora dos templos, na unidade dos cristãos e como expressão da alegria conferida pela fé e de proclamação da esperança do evangelho. O site oficial da March for Jesus define-a muito claramente como um evento de carácter estritamente religioso: “é um desfile de louvor pelas ruas da cidade, celebrando o Senhorio de Jesus Cristo e culminando num grande evento de adoração em que os cristãos proclamam publicamente a Glória, a Majestade e a Supremacia do Salvador. É tudo sobre Jesus… e nada mais.” A mesma fonte diz-nos que a visão geral da organização passa por manter sempre a figura de Jesus como foco principal do evento: “Esta é uma marcha para Ele, e somente com Ele será realizada. Tenha cuidado para que nada distraia do propósito primordial de simplesmente exaltar Jesus, tanto na Marcha como durante o seu planeamento.” Entretanto, nos últimos anos o Brasil tem vindo a desvirtuar o espírito deste evento por completo. Este ano, por exemplo, foi transformada em comício político em favor da candidatura de Bolsonaro, com a preciosa ajuda do discurso de alguns daqueles líderes religiosos evangélicos que carregam às costas dívidas imensas e que vêm no apoio ao actual presidente uma esperança de perdão das mesmas. Segundo Boyd, “a história ensina que o melhor caminho para destruir a igreja é dar-lhe poder político” (The Myth of a Christian Religion, Losing Your Religion for the Beauty of a Revolution. Michigan: Zondervan, 2009, p. 13). Nem faltou à festa uma líder que foi presa com o marido, em 2007, ao tentarem entrar nos Estados Unidos com dezenas de milhares de dólares escondidos numa bíblia… É que mesmo com o perdão de dívidas de que estes pastores mediáticos seus apoiantes beneficiaram no ano passado, ainda mantêm uma dívida bilionária em impostos que pode ser impactada pela nova medida presidencial, isto é, uma isenção fiscal para beneficiar as igrejas evangélicas, principalmente as neopentecostais a que estes líderes pertencem e que são as maiores devedoras de impostos, respondendo por isso a várias acções judiciais em curso. Entre os devedores está Valdemiro Santiago, da Igreja Mundial, o cunhado de Edir Macedo, R.R. Soares, da Igreja Internacional da Graça de Deus, e Estevam Hernandes, da Renascer em Cristo, todos apoiantes de Bolsonaro, como é óbvio. Segundo o portal Fórum: “Mesmo com o perdão dessas dívidas, um grupo de 16 entidades religiosas deve R$ 1,6 bilhão em impostos, segundo a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional em levantamento realizado setembro do mesmo ano (…) O volume de débitos representa 81% de todas as dívidas de 9.230 instituições evangélicas, católicas, espíritas e islâmicas devedoras em todo o país.” Em Vitória (Espírito Santo), este ano até surgiu uma pistola gigante integrada na Marcha, num descarado esforço de propaganda de armas de fogo, por parte dum fabricante, em claro alinhamento com a política do governo Bolsonaro mas em flagrante contramão com o espírito do evento. O mais dramático é que antes de Bolsonaro ter sido considerado o “mito messiânico” desses evangélicos, na Marcha para Jesus os pastores oravam pelo desarmamento da população e destruíam armas diante da multidão… Afastada do espírito original no Brasil, a Marcha transformou-se em palanque para disputa política, para atacar adversários, para promover o armamento da população e para promoção pessoal. Portanto, a Marcha para Jesus é agora uma marcha sem Jesus, uma vez que Ele não é cabo eleitoral de ninguém, sempre combateu o recurso às armas e à violência, e nunca fez nada para se autopromover. Eis como o Brasil destruiu a Marcha para Jesus. Pelo menos no Brasil. José Brissos-Lino é director do mestrado em Ciência das Religiões na Universidade Lusófona, coordenador do Instituto de Cristianismo Contemporâneo e director da revista teológica Ad Aeternum; este texto foi inicialmente publicado na página da revista Visão. Temas: Brasil Jair Bolsonaro José Brissos-Lino Marcha para Jesus Como o Brasil destruiu a Marcha para Jesus Fonte: https://setemargens.com/como-o-brasil-destruiu-a-marcha-para-jesus/