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quinta-feira, 8 de setembro de 2022

Jesus era de Direita ou de Esquerda?

Jesus era de direita ou de esquerda? Esta pergunta sempre surge em conversas de bar, em almoços de família e em aulas de catequese. Incluir Jesus em temas políticos, não somente é uma tendência, mas uma grande tentação. Isso porque, num país hegemonicamente cristão como o Brasil (ainda que nominalmente), o nome de Jesus atrai a atenção da audiência e autentica os discursos políticos. Antes de responder a tal pergunta, é necessário deslindar as noções de direita e esquerda. Para isso, lhe convido a retroagir pelo menos 230 anos na história. Foi na França revolucionária que o entendimento que temos de direita e esquerda desabrochou. Durante a Revolução Francesa, mais precisamente entre os anos de 1789 a 1791 a Assembleia Nacional Constituinte preparou a nova Constituição a reger a França. Durante as reuniões da Constituinte, os girondinos, facção proveniente das camadas mais altas da burguesia e requerentes de maior liberdade política, demarcavam o lado direito da Assembleia. O lado esquerdo era ocupado pelos jacobinos, grupo radical que privilegiava a igualdade de direitos entre todas as camadas sociais. Dos embates demasiadamente polarizados entre esses dois grupos é que nasce a compreensão popular e corrente de direita-esquerda que temos hoje no debate público. Isto posto, necessitamos voltar a questão “Jesus era de direita ou de esquerda?” Tendo em conta que Jesus é uma figura histórica da Palestina do século I, tentar situá-lo à direita ou à esquerda é puro anacronismo. Entretanto, se desejarmos cometer tal disparate, precisamos analisar as ações de Jesus nos Evangelhos. Jesus é descrito pelos evangelistas Marcos, Mateus, Lucas e João, como uma personagem autêntica, movida pelo amor a Deus e ao próximo – nunca se engajando em projetos políticos de sua época. Conforme os relatos dos Evangelhos, Jesus agia (de determinado modo), muito mais à direita do que os atuais líderes conservadores de nosso país. Por exemplo, Jesus se posicionou contra o divórcio, permitindo-o apenas em casos de imoralidade sexual e isso por causa da dureza dos corações humanos. Em contrapartida, a maioria dos líderes da direita em nosso país, se encontra no segundo ou terceiro casamentos. Vivendo no regime romano absolutista dos imperadores romanos, Jesus é questionado por fariseus e herodianos se era lícito ou não pagar imposto a César. A sua resposta (sob a ótica política polarizada de nossos tempos), não parece nada subversiva: “Daí a Cesar o que é de César e a Deus o que é de Deus”. Para a alegria da direita, Jesus desautorizou a deificação do dinheiro, porém não proibiu a capacidade de multiplicá-lo, de acordo com a parábola dos talentos (Mateus 25). Jesus também se mostrou favorável a instituições como casamento monogâmico e heterossexual (Mateus 19), e a religião formal. À vista disso, muitos o identificam (anacronicamente), à direita do espectro político. Por outro lado, há inúmeras referências nos Evangelhos que possibilitam localizar Jesus à esquerda. A título de exemplo, Jesus se associou com muitas mulheres, numa cultura que as desprezava e as tratava como seres de quinta categoria. Igualmente tocou em leprosos, coxos e cegos, que eram identificados como amaldiçoados por Deus. Comeu com publicanos e pecadores. Era amigo de prostitutas. Orientou seus discípulos a visitarem os presos, a acolherem os estrangeiros, a cobrirem os nus e a alimentarem os famintos… Enfim, Jesus se associou aos marginalizados sociais de sua época e advertiu seus discípulos a fazerem o mesmo. Por essa razão, Jesus é considerado um revolucionário por muitos adeptos da esquerda. Como figura polissêmica, Jesus pode ser interpretado de variadas formas, segundo a conveniência de cada grupo. Porém, por meio duma leitura séria dos Evangelhos, fica muito claro que qualquer tentativa de encastrá-lo à direita ou à esquerda do espectro político é um esforço reducionista e superficial. Por força de sua natureza e missão e por conta de sua limitação histórica, Jesus não era de direita, nem de esquerda. Ele não cabe em ambas as categorizações. ___ Rodolfo Capler, pesquisador, teólogo e escritor; e-mail: rodolfo capler@gmail.com /Ins-tagram: @rodolfocapler Fonte: https://www.atribunapiracicabana.com.br/category/caldeirao-politico-capiau-de-piracicaba/

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