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segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Uma análise sobre o uso de verbas públicas nas “Marchas para Jesus”

“Cuidado com os falsos profetas. Eles vêm a vocês vestidos de peles de ovelhas, mas por dentro são lobos devoradores.” – Mateus 7:15
Há 2 dias saiu a notícia que deu origem a esse artigo: Marcha para Jesus não terá mais verba da Prefeitura, tratando da cidade de São José do Rio Preto (SP). Após lê-la, resolvemos destrinchar, mesmo que de forma superficial, o assunto. Assim, transcreveremos trechos da notícia em itálico para melhor compreensão.
A Prefeitura de Rio Preto negou o pedido da Igreja Renascer em Cristo, que queria R$ 314 mil para realização da Marcha para Jesus. Outros eventos religiosos, como a encenação da Paixão de Cristo, também não vão contar com dinheiro público neste ano. Em 2016, a marcha gospel reuniu cerca de 20 mil fiéis das mais variadas igrejas em uma passeata por ruas e avenidas que terminou no Recinto de Exposições.
O primeiro ponto a se discutir: o Estado é laico, ou seja, não toma partido por nenhuma religião. Mesmo com a maior parte da população brasileira se declarando cristã (em suas mais diversas vertentes), ainda assim o Estado é laico e precisa, por isso, agir com equidade frente a todos os credos religiosos, ou mesmo a falta deles.
Quando o Estado usa de verba pública para beneficiar este ou aquele credo religioso, está agindo contrariamente aos cidadãos que não professam essa fé, mas que mesmo assim percebem parte do dinheiro pago em impostos sendo direcionado para algo em que não concordam.
Além disso, fica a “dívida” da instituição religiosa frente ao político que lhe facilitou o recebimento da verba pública. Essa “dívida” terá que ser paga em algum momento, mas disso falaremos mais adiante.
A justificativa para não liberar o auxílio é que não há recursos suficientes para eventos particulares de qualquer religião. Além disso, a verba não está prevista no orçamento. “A Prefeitura não tem condições de patrocinar evento particular de qualquer religião. Os eventos religiosos são muitos na cidade. Se for financiar todos, não sobra dinheiro para as criancinhas que precisam, para creche, essas coisas”, afirmou o secretário de Governo, Jair Moretti, destacando o respeito pela religião.
Não é segredo para ninguém que vivemos uma crise sem precedentes, na qual vemos Estados ricos como Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul deixando de pagar o salário dos seus servidores. Em momentos como esse, é necessário cortar o máximo de gastos menos necessários para conseguir manter os serviços essenciais e as contas em dia. E não há dúvidas que é muito mais importante manter um hospital, uma creche, uma escola ao invés de investir numa “festa” estilo “Marcha para Jesus” ou “Carnaval”.
E aqui cabe um adendo. Para muitos, o Carnaval é uma festa cultural. Para nós, porém, é cultural (por fazer parte da cultura brasileira), mas também é religiosa. O feriado de Carnaval é previsto no calendário gregoriano, sendo os dias que antecedem o período da Quaresma (que prevê contrição até a chegada da Páscoa). E apesar de dito pagão, o Carnaval brasileiro é a apoteose das religiões de raiz afro, especialmente o Candomblé, que é uma religião amoral. Não à toa, a maioria das escolas de samba fazem homenagens abertas a deuses do Candomblé ou mesmo os citam em seus sambas-enredo.
Voltando, muitas prefeituras estão entendendo que não dá para patrocinar o Carnaval ou a Marcha para Jesus enquanto os servidores estão sem salário, os hospitais sem condições de funcionamento e as escolas fechadas por falta de estrutura. Algumas cidades cancelaram o Carnaval neste ano, e o mesmo está acontecendo em algumas Marchas para Jesus. No Rio de Janeiro não houve Marcha em 2016, pois o dinheiro que tinham – e o que não tinham – foi direcionado para as Olimpíadas.
Porém, nem todos têm esse entendimento. Na cidade de São Paulo, sede da maior Marcha para Jesus do Brasil, veja duas emendas ao orçamento da cidade enviadas pelo Vereador Abou Anni, ligado à Igreja Renascer em Cristo (cujo líder Apóstolo [?] Estevam Hernandes patenteou a marca “Marcha para Jesus”):
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Percebe a discrepância? Enquanto o político pede 800 mil reais para uma “festa” de um dia de um grupo religioso, solicita apenas cem mil para socorrer um hospital que cuida de pacientes de câncer, um hospital 100% SUS, cujas despesas devem ser absurdas.
Na época do Mais Médicos, cada médico cubano custava dez mil reais. Se não houve aumento de salários passados alguns anos, a verba solicitada pelo vereador cobre apenas o salário de um mês de 10 médicos. Só que esse hospital tem muito mais do que 10 médicos!!!
Já pensou se fosse o contrário? 800 mil em socorro a um hospital público que é referência e que recebe pacientes do Brasil inteiro, que vêm se tratar gratuitamente (até por não possuir bens)?
Que Cristianismo é esse das Marchas para Jesus patrocinadas com altas verbas públicas, em detrimento das necessidades das viúvas, órfãos e estrangeiros dos nossos tempos?
“São anos difíceis”, disse sobre a situação financeira. O que pode ser fornecido, segundo ele, é apoio, como a presença da Guarda Municipal no evento. Segundo Jair Moretti, é tradição disponibilizar o espaço para eventos, mas é preciso fazer a requisição com antecedência.
Nisso concordo plenamente. Quer fazer uma Marcha para Jesus? Então que o Poder Público possa colaborar com o necessário, ou seja, um espaço para o evento, ambulância para socorrer alguém que passe mal, policiais e agentes de trânsito para manter a segurança dos participantes, itens básicos e que não onerarão o Orçamento. Mais do que isso, é abuso.
Infelizmente, como os líderes das Marchas para Jesus são “abusados”, acabam extrapolando nos pedidos.
[…] Segundo Daniel [Rigoleto, Bispo da Renascer], a Marcha vai acontecer neste ano, mesmo sem o patrocínio da Prefeitura. “Vai depender de doações, de patrocínio, que agora a gente tem de ir atrás. A Prefeitura não bancava sozinha, mas dava toda a estrutura do evento, não só som, palco e luz, mas também cachê de banda, trios elétricos”, comentou.
Cachê de banda. Cachê de banda???
Sim. Nas Marchas para Jesus só quem vai adorar de graça é o público. Os “levitas”, os “adoradores”, na verdade os artistas gospel em nada se diferem dos artistas seculares. Por isso, “adoram” ser chamados para Marchas para Jesus: pois é a chance de embolsar um bom dinheirinho.
“Ah, mas a Bíblia diz que o trabalhador é digno do seu salário, blablablá!”
“Causou discussão em plenário da Câmara Municipal, na sessão de ontem, o recurso financeiro utilizado pela Prefeitura para custear um show durante a Marcha para Jesus, realizada na cidade no último sábado. O questionamento refere-se ao cachê pago à empresa Faz Chover Produções Artísticas Ltda, para apresentação do cantor gospel Fernandinho, que se apresentou na Praça Antonio Carlos. Conforme extrato do contrato, publicado no Atos do Governo, foi pago R$ 85 mil ao conjunto musical.” (fonte: Tribuna de Minas)
Bom, vejamos… Digamos que o Fernandinho “louvou a Deus” na tal Marcha por umas 2 horas (penso que até menos). E ele e sua banda, por “louvar a Deus”, recebeu 85 mil reais. Por 2 horas.
Pelo visto, é melhor ser “artista gospel” do que  morrer fazendo Mestrado e Doutorado para depois trabalhar 8 horas por dia!!!
“Ah, mas o Fernandinho e os outros artistas gospel têm gastos com a banda e a estrutura de palco!”
Não, eles não têm gastos com a banda e com a estrutura de palco. Eles têm a banda e a estrutura faraônica de palco como INVESTIMENTO. Quanto mais equipada a banda, quanto mais efeitos especiais no palco, mais bonito e chamativo fica o show e, consequentemente, mais pessoas vão PAGAR para ver o artista e COMPRAR seus cds.
Ou seja, estratégia de mercado, pura e simplesmente.
Um verdadeiro adorador não precisa dos últimos recursos tecnológicos e instrumentais para levar as pessoas a Cristo. Voz e violão bastam para se levar a Palavra às multidões. Como exemplo, abaixo o vídeo de um “cantor secular”, que tive a oportunidade de assistir pessoalmente e que até hoje vive de forma simples, levando sua música a quem o chamar (e sem cobrar 85 mil por isso):

Sim, o trabalhador é digno do seu salário. Mas louvor não é profissão. O Apóstolo (de verdade) Paulo tecia tendas para não ser pesado a ninguém, e olha que ele viajava muito mais e de forma muito mais demorada e difícil que uma Aline Barros ou um Thalles Roberto. Mas, ainda assim, trabalhava. O problema é que os líderes e artistas gospel não gostam de trabalhar, então buscam enriquecer com a desculpa de que estão fazendo a obra de Deus. Mas não conheço um único Apóstolo (de verdade) que ficou rico pregando na porta do Templo, ou mesmo algum Levita (de verdade) que enriqueceu com as ofertas do povo. Só os de mentira fazem isso, e sem qualquer pingo de vergonha na cara.
E tem também o gasto, nas Marchas, com aluguéis de trios-elétricos. O legal deles é que sempre estampam os líderes de suas denominações. Jesus Cristo passa longe dali – o que manda é o Ego. Mas é mais um gasto que tentam empurrar para o Erário, para ser pago com o meu e o seu dinheiro.
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Pagar cachês milionários a pseudo adoradores e a exposição dos líderes em grandes outdoors nos trios-elétricos. É para isso que em São Paulo, neste ano, serão direcionados 800 mil reais.
[…] O Diário lançou nesta sexta-feira, 27, uma enquete questionando os internautas se a Marcha para Jesus deveria receber verba da Prefeitura. Em duas horas foram 11.676 votos. Disseram “não” 10.042 pessoas e “sim” 1.634 internautas. Nesse tempo, 413 pessoas compartilharam a enquete. “Marcha, seja ela qual for, deve ser feita e financiada exclusivamente por quem está envolvido!”, opinou um internauta.
A reportagem deixa claro como a opinião pública vê a questão da liberação de verbas públicas para as Marchas para Jesus. Infelizmente, torna-se mais um ato que escandaliza o Evangelho. E de forma motivada por tudo o que já foi dito neste artigo.
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Fonte: 
http://www.otempojornal.com.br/site/religiao/item/98-polemicas-relacionadas-ao-custeio-da-marcha-para-jesus-nao-tira-brilho-do-evento
Lá no início citamos a questão da “dívida” entre os líderes das Marchas e os políticos que propiciam a liberação de verbas públicas. Em tempos de Lava-Jato, a situação se torna ainda mais grave.
O que normalmente ocorre é lideranças eclesiásticas beneficiadas por verbas públicas levando ao palco das Marchas os políticos “amigos”, sutilmente levando os fiéis a acreditarem que devem votar neles nas próximas eleições. No linguajar gospel, a expressão “vamos orar por eles”, quando endereçada a políticos, significa “vamos votar neles”. Para nós, isso não passa de uma forma nua e crua de barganha de verbas públicas em troca de votos, pois o número de evangélicos que participam desses eventos é bastante expressivo, tornando esses eventos gospel como ferramenta de campanha para muitos políticos e seus partidos.

Com certas igrejas apoiando políticos que, por sua vez, servem aos propósitos pessoais das lideranças eclesiásticas, forma-se uma relação indecente, ausente de ética, que não satisfaz as necessidades da população em geral. Se a despesa com a Marcha para Jesus está prevista no Orçamento ela é legal, mas ainda assim se torna imoral e antiética. Jesus nunca precisou da ajuda do Império Romano para pregar Suas Boas-Novas, ao contrário, seus ensinos batiam de frente com os valores predominantes. Porém, nos dias de hoje, queremos pregar um evangelho aceitável ao mundo, no qual um Eduardo Cunha da vida pode ser membro dizimista de uma igreja, sem que seja disciplinado por conta de seu poderio financeiro.
Precisamos de menos Marchas e de mais Jesus. E Ele se mostra ao mundo através da bondade, da justiça, do amor, da pregação da necessidade de arrependimento que todos nós, fiéis ou líderes, multidões ou artistas gospel, cidadãos ou políticos temos que ter. Todos pecamos e carecemos da misericórdia divina.
Que as igrejas sejam Sal e Luz nesse mundo, espelhando o Cristo que buscam pregar. Tudo nos é lícito, até utilizar verbas públicas previstas em Orçamento, mas nem tudo nos convém.
Voltemos ao Evangelho puro e simples,
O $how tem que parar!
A Deus toda a honra e toda a glória para sempre.
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fonte:
https://estrangeira.wordpress.com

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